A construção
das usinas hidrelétricas de Jirau e
Santo Antônio, no Rio Madeira, podem
afetar o fornecimento de água tratada
à capital de Rondônia, Porto
Velho. "A captação de água
potável é feita após
as barragens. E o rio mais próximo,
Candeiras, está contaminado pelo garimpo
de Bom Futuro", afirmou hoje (31) o professor
da Universidade Federal de Rondônia
e doutor em Planejamento Energético
pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
Artur Moret.
"Os outros rios do
entorno são menores e não têm
fluxo suficiente durante o período
de seca", disse ele. Segundo o coordenador
técnico-operacional da Companhia de
Águas e Esgotos de Rondônia,
Vagner Zacarini, o reservatório que
abastece Porto Velho fica no Rio Madeira,
a menos de 500 metros do local onde deverá
ser feita a barragem de Santo Antônio.
"Já formalizamos
a Furnas [Furnas Centrais Elétricas,
empresa proponente do empreendimento] o pedido
de que financiem as obras necessárias
para que a captação de água
seja feita no próprio lago formado
pela barragem", informou Zacarini.
De acordo com ele, a expectativa
é que essa água seja mais pura,
graças ao processo de decantação
provocado pela barragem. "O Rio Madeira
tem muito material em suspensão, que
iria para o fundo, mas ainda é prematuro
afirmar isso".
O reservatório em
questão fornece água a 60% dos
habitantes da capital – ou 228 mil pessoas,
do total de 380 moradores estimados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
"É bom lembrar
que a cidade de Porto Velho, que terá
sua população aumentada em pelo
menos 50%, com a vinda de trabalhadores atraídos
pelos empregos gerados durante o período
de construção das hidrelétricas",
ressaltou Moret.
Amanhã (1º),
técnicos do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) devem começar as vistorias
de campo para análise do estudo de
impacto ambiental da obra. A construção
das duas usinas deve demorar de oito a dez
anos. Elas terão potencial para gerar
6,45 mil megawatts de energia elétrica.