06/02/2006 - “Em
mais de dez anos de trabalho, nunca tinha
visto isto”, diz a chefe do Cadastro Florestal
da Secretaria do Meio Ambiente, Maria Salete
Carbonera. A técnica refere-se a uma
espécie de “tobogã” de madeira
encontrado em uma propriedade na localidade
de Baixa Grande, no município de Riozinho.
A madeira, cortada no topo do morro, descia
pela estrutura até encontrar um forno
irregular, onde era transformada em carvão.
O proprietário Luiz Strassburger foi
autuado hoje (06/02) pelo corte de vegetação
nativa com uso de fogo e pelo forno – desmanchado
pelos fiscais por estar a beira de um córrego,
em área de preservação
permanente (APP). A madeira cortada foi apreendida.
As vistorias são
parte da rotina de fiscalização
desenvolvida pelo Projeto Conservação
da Mata Atlântica no Rio Grande do Sul,
fruto de um acordo de cooperação
internacional entre o Governo do Estado, através
da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), e o
banco alemão Kfw. O município
de Riozinho é uma das áreas
favorecidas pelo projeto e que apresenta maior
cobertura vegetal formada por remanescentes
florestais da mata atlântica.
A fiscalização
realizada por técnicos da Sema e da
Polícia Ambiental de Taquara e de Canela,
encontrou, em três dias de atividades,
seis fornos irregulares para produção
de carvão. Foram feitas, ao todo, quatro
autuações pelos fornos e três
por desmatamento, em áreas superiores
a 2 hectares. O resultado preocupa pela importância
da região para a preservação
da mata atlântica. No Rio Grande do
Sul, de um total de 112.027km² (39,70%
do território do Estado), sobram 7.496,67
km² de remanescentes deste bioma, ou
seja, somente 2,69% (INPE, 1995).
Os proprietários
autuados informaram que o carvão era
encaminhado a uma carvoaria de Santo Antônio
da Patrulha. A equipe de fiscalização
foi até a empresa e apreendeu mais
de 6 mil quilos de carvão. Amostras
serão analisadas para comprovar se
realmente são de acácia negra,
como identificado em algumas embalagens.
Forno irregular transformava árvores
da mata atlântica em carvão.