09/02/2006
- A Frente de Proteção da Funai
(Fundação Nacional do Índio)
em Envira (AC), região de fronteira
do Brasil com o Peru, detectou exploração
de mogno no lado peruano. A extração
ilegal foi identificada quando pranchas da
madeira desceram, depois de uma enchente,
pelas cabeceiras do rio Envira para o território
brasileiro.
A região da bacia
do rio Envira é habitada por várias
etnias de índios isolados, sobretudo
os Masko-Piro, e os grupos têm como
costume a transitoriedade entre os territórios
dois países. Em razão disso,
há uma grande preocupação
da Coordenação-Geral de Índios
Isolados (CGII) da Funai de que a extração
de madeira no lado peruano leve ao confronto
entre madeireiros e índios. Também
se teme que a exploração se
alastre para o território brasileiro.
Para ter noção
exata da extensão da atividade exploratória,
o coordenador da CGII, José Carlos
Meirelles, requisitou apoio ao governador
do Acre, Jorge Viana, para realizar um sobrevôo
na região do paralelo 10º e nas
cabeceiras do rio Envira. A inspeção
também deve contar com apoio do governo
peruano. A área onde se constatou a
exploração de madeira, no Peru,
é oficialmente uma reserva para os
índios Masko-Piro, o que caracteriza
a ilegalidade da atividade.
Em dezembro de 2005, a Funai
fez uma primeira verificação,
que percorreu toda a extensão do paralelo
10º - linha seca imaginária que
separa os dois países. Nenhum registro
de invasão do território brasileiro
havia sido identificado.
“Felizmente, as coisas no
nosso lado estão tranqüilas. Mas
espero que a Funai consiga sensibilizar o
governo peruano, para que nos dê uma
ajuda na proteção dos índios,
que habitam nossa fronteira em comum”, afirma
Meirelles. “A situação é
grave porque os Masko-piro, nômades,
vêm para o Brasil na época da
seca, como acontece agora. Mas eles começam
agora a permanecer no território brasileiro,
porque estão sendo desalojados de sua
área. Há um sério risco
de eles começarem a invadir o território
de outros índios e isso deflagrar confrontos
entre grupos indígenas isolados”.