10/02/2006
– O projeto Brasil Sustentável e Democrático,
da Federação de Órgãos
para Assistência Social e Educacional
(Fase), publicou recentemente um livro reunindo
denúncias que a entidade recebeu de
indígenas e populações
tradicionais de toda a América do Sul
sobre a atuação internacional
da Petrobras. O livro, publicado somente em
espanhol, se chama ¿Petrobras: integración
o explotación? (Petrobras: integração
ou exploração?).
Julianna Malerba, técnica
da Fase responsável pela publicação,
afirma que as denúncias começaram
a chegar a partir de 2004, quando houve um
movimento equatoriano de resistência
ao início da atividade da estatal brasileira
no Parque Nacional Yasuni, uma área
de proteção ambiental e território
do povo Huaroni. No local, já há
atividade petrolífera das empresas
Repsol (espanhola) e Encana (canadense).
"A Petrobras queria
construir duas plataformas de extração,
uma estação de processamento
e uma estrada de 30 quilômetros dentro
do parque", contou. "A partir da
mobilização popular, que teve
repercussão internacional, o Ministério
do Meio Ambiente do Equador suspendeu a licença
ambiental. E a Petrobras já anunciou
que desistiu da estrada e que pretende construir
a estação de processamento fora
do parque".
Ainda no Equador, há
denúncias de que Petrobras mantém
uma área de 5 mil metros quadrados
com dejetos de perfuração. "Essa
área está coberta com uma lona
de borracha que não é sequer
capaz de impedir que, quando chove, a água
contaminada flua pelo solo contaminando riachos
utilizados pela comunidade que vive ao redor
dos campos de exploração",
relata Julianna. Segundo ela, isso está
contaminando a plantação da
área.
"Um trabalhador petroleiro
denunciou, depois de apresentar doenças
de pele, que o próprio médico
da empresa havia lhe dito para não
se banhar no rio que estava contaminado",
diz a pesquisadora da Fase. "O Departamento
de Ambiente da província onde se situa
o bloco de exploração denunciou,
em agosto de 2005, que a empresa estaria descarregando
água de formação no rio
Coca, próximo à comunidade quechua
de Huataraco". No Peru, a estatal brasileira
também explora uma reserva próxima
a uma área indígena e na Bolívia,
tenta explorar dentro de um território
indígena, chamado Pilon Lajas.
Ainda segundo Malerba, o
objetivo do livro é contribuir para
que a sociedade cobre da Petrobras uma postura
ética, diferente das outras multinacionais.
"Aqui no Brasil as leis ambientais são
mais rígidas, não permitem a
exploração de petróleo
em terras indígenas ou parques nacionais.
Essa deveria ser a postura da estatal em todos
os lugares onde atua", defendeu a técnica.