15/02/2006
– De acordo com o chefe de Fiscalização
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
em Rondônia, Jorge Porto Ferreira, os
madeireiros que estão bloqueando a
BR-364 estão protestando contra a perda
de caminhões apreendidos pelo transporte
ilegal de madeira. Essa estrada é a
única via de acesso terrestre do Acre
e do norte de Rondônia ao Centro-Sul
do país e é também utilizada
para o escoamento dos eletroeletrônicos
produzidos no Pólo Industrial de Manaus.
"Isso é uma
determinação da lei 9.605, válida
desde 1998. Mas na prática, aqui na
região, os caminhões eram devolvidos
aos infratores. Agora a Justiça vai
leiloa-los ou doá-los a instituições
como o Ibama", explicou Ferreira. "Diante
do quadro de que 90% da madeira que sai da
Amazônia é de origem ilegal,
eu não vejo possibilidade alguma de
a gente retroceder à prática
anterior".
Segundo Ferreira, o que
motivou as manifestações dos
madeireiros foi a apreensão de oito
caminhões que transportavam 100 mil
metros cúbicos de madeira sem autorização,
no último dia 26 de janeiro. Os veículos
ficaram sob vigilância da Polícia
Rodoviária Federal, mas dois dias depois
quatro deles foram devolvidos aos donos, por
ordem do delegado Thiago Leite, da Polícia
Civil.
"Eu entrei em contato
com a delegada regional de Ariquemes, Andréia
Rezende. Ela então sugeriu uma reunião
entre policiais, juízes, promotores
e fiscais do Ibama que atuam na região,
para esclarecer os procedimentos", contou
Ferreira. "A gente se reuniu por duas
vezes, nos dias 2 e 7 de fevereiro. Na segunda
reunião, o presidente da Associação
de Madeireiros de Ariquemes estava presente.
E ele foi avisado que a partir da última
segunda-feira, dia 13, os motoristas pegos
em infração perderiam seus caminhões
já na primeira apreensão."
De acordo com um e-mail
enviado à lista de discussão
do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA),
uma rede que reúne aproximadamente
600 organizações ambientalistas
e movimentos sociais de toda a Amazônia
brasileira, os protestos em Ariquemes começaram
no último dia 10. A autora da mensagem,
identificada apenas como Eliane Rudey, contou
que ontem (14) o comércio da cidade
não funcionou, em apoio aos madeireiros.
"A gente ainda não
discutiu um posicionamento diante do tema,
mas posso adiantar que somos totalmente favoráveis
ao cumprimento da Lei Ambiental. Esses protestos
só revelam que o meio ambiente não
é respeitado em nosso estado",
declarou o coordenador regional da Rede GTA,
Almir Suruí.
"Não é
contra isso que a gente está se posicionando,
porque a lei é antiga e sabemos que
deve ser cumprida", rebateu o dono da
madeireira Normad, João Daniel Kalsing.
"Protestamos por causa das dificuldades
de regularizar a extração de
madeira em toras na região."