13/02/2006
- O presidente do Conselho Federal de Economia
(Cofecon), Synésio Batista da Costa,
é um entusiasta do Projeto São
Francisco. Para ele, a integração
do Velho Chico às bacias dos estados
de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do
Norte e Ceará é a forma mais justa
de garantir água para milhões
de pessoas que, freqüentemente, convivem
com problemas no abastecimento causados pela
seca. O sistema Cofecon reúne 80 mil
economistas em todo o Brasil.
"A água é
um bem fundamental e sua distribuição
precisa ser justa. O projeto tem a vocação
e a capacidade de fazer isso numa região
que precisa", afirma Costa. Ele considera
"um absurdo" saber que falta água
numa determinada área, enquanto há
oferta acima da demanda em outro ponto, sem
que nada seja feito para atender o primeiro.
"Imagine casas, hospitais, escolas e
empresas sem água. Como pode haver
desenvolvimento assim?", indaga.
Synésio Batista da
Costa acredita que o debate está amadurecido
e lembra que, numa sociedade democrática,
é natural que haja divergências
sobre o projeto. "A sociedade espera
por essa integração há
160 anos, desde o tempo do Império.
Dizer que não houve discussão
é negar a realidade".
A fixação
do homem a terra é um dos pontos-chave
do Projeto São Francisco na avaliação
de Costa. "A menos que por decisão
própria, ninguém deveria se
mudar somente por uma questão de subsistência.
Não é correto que alguém
seja expulso do lugar onde nasceu por não
haver a mínima estrutura. É
algo da maior crueldade, pois cria uma multidão
de excluídos, pessoas que vão
se amontoar nas periferias das grandes cidades",
observa.
O presidente do Cofecon
ressalta que a revitalização
do rio São Francisco, já em
execução pelo Governo Federal,
também representa um alento para os
estados da bacia doadora, pois a partir deste
programa devem surgir novas oportunidades
para a população ribeirinha.
O Projeto São Francisco
prevê a captação, abaixo
da barragem de Sobradinho e de modo contínuo,
de 26 metros cúbicos por segundo (m³/s),
ou seja, 1,4% do volume de água que
o rio despeja no mar. A água abastecerá
as bacias dos rios Jaguaribe, no Ceará;
Apodi, no Rio Grande do Norte; Piranhas-Açu,
na Paraíba e no Rio Grande do Norte;
Paraíba, na Paraíba; Moxotó
e Brígida, em Pernambuco, e servirá
para o abastecimento humano e dessedentação
animal.
O empreendimento terá
dois eixos. O canal leste, já denominado
de Celso Furtado pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, levará água a
Pernambuco e à Paraíba, e o
canal norte atenderá aos moradores
dos estados do Ceará, Paraíba,
Rio Grande do Norte e Pernambuco. As captações
serão feitas em dois pontos: o primeiro
em Cabrobó, no oeste de Pernambuco,
e o segundo no lago da barragem de Itaparica,
próximo à divisa entre Pernambuco
e Bahia.