02/03/2006
– O estudo de impacto ambiental (EIA) deve
concluir pelo fechamento do porto construído
pela empresa norte-americana Cargill, diz
André Muggiati, militante da organização
ambientalista Greenpeace. De acordo com ele,
o estudo deverá mostrar os impactos
sofridos desde a instalação
do porto, em 2003, na cidade de Santarém,
às margens do rio Tapajós, no
norte paraense.
A Justiça determinou
a realização do estudo na área
em que a empresa construiu um porto para grãos.
Após três anos de funcionamento
o Tribunal Regional Federal da 1º Região
derrubou os recursos da Cargill, especializada
na produção de grãos,
contra ação movida pelo Ministério
Público Federal que pediu a realização
do EIA. O estudo não foi exigido pela
Secretaria de Ciência, Tecnologia e
Meio Ambiente do Pará (Sectam) quando
autorizou o funcionamento do porto.
"Não existe
compensação, como você
vai compensar milhares de hectares de floresta
que vem sendo desmatado ano a ano", questiona
Muggiati. Dados do Greenpeace apontam que
entre 2003 e 2004 foram desmatados 53 mil
hectares de florestas em Santarém como
conseqüência do aumento do cultivo
de soja na região. Outro problema é
que a área do porto é um sítio
arqueológico ainda não estudado
onde foram encontrados vestígios de
cerâmica de civilizações
pré-colombianas.
Os impactos são também
sociais, de acordo com Muggiati. Ele conta
que o porto atraiu produtores de soja de outras
regiões que passaram a comprar e grilar
terras, acabando assim com a agricultura familiar
que antes ocupava Santarém. Esse movimento,
segundo ele, empurrou os agricultores para
as periferias da cidade. "Essas pessoas
hoje vivem na periferia, não têm
formação para obter um emprego
e a maioria dos empregos que a Cargill criou
são ocupados por pessoas vindas de
fora", afirma.
A Cargill informou, por
meio da assessoria de imprensa, que não
vai comentar a decisão do Tribunal
Regional Federal que foi publicada no Diário
de Justiça de 3 de fevereiro. Com sede
nos Estados Unidos, a Cargill é uma
empresa fornecedora de alimentos, produtos
agrícolas e de gerenciamento de risco.