CONSELHO
PERMANENTE DE AGROMETEOROLOGIA APLICADA DO
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - COPAAERGS
Boletim de Informações
n°9 - 21 de dezembro de 2005
O Conselho Permanente de
Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio
Grande do Sul, instituído através
do Decreto nº 42.397 de 18 de agosto
de 2003, visando aprimorar as informações
aos agricultores e entidades do setor primário
como um todo, bem como aproveitando as experiências
anteriores de monitoramento de tempo e clima
para agricultura, divulga recomendações
técnicas essenciais para o planejamento
e manejo das principais atividades agrícolas
no Estado, em função das tendências
climáticas para o próximo período
com base nos dados colhidos por todas as instituições
que trabalham com meteorologia no Estado.
I – SITUAÇÃO
ATUAL E PROGNÓSTICOS CLIMÁTICOS
O mês de novembro
registrou chuva abaixo da normal climatológica
em praticamente todo o Estado.
Nos primeiros vinte dias de dezembro permaneceu
a deficiência pluvial, agora em todo
o Estado sendo mais intensa no norte do Estado.
No Oceano Pacífico, a Temperatura da
Superfície do Mar (TSM) neste último
mês esteve próxima à média
histórica em quase toda a faixa equatorial;
próximo à costa oeste da América
do Sul permaneceu o resfriamento, observado
desde o mês de junho. No Atlântico
Sul, manteve-se o aquecimento observado há
vários meses, o qual se estende desde
o litoral sudeste do Brasil até o Uruguai
(conforme Figura 1).
Com relação
ao fenômeno La Niña, tecnicamente
não se pode dizer no momento da ocorrência
do mesmo. No entanto, não se descarta
a possibilidade de que venha a ocorrer um
episódio fraco. É importante
salientar que esse fenômeno não
apresenta influência considerável
no regime de chuvas para o verão em
nosso Estado. A anomalia positiva de temperatura
no Oceano Atlântico subtropical associada
à anomalia negativa na costa leste
do oceano Pacífico poderá contribuir
para a irregularidade e má distribuição
das chuvas no Estado. Da mesma forma, as temperaturas
máximas e mínimas apresentarão
grande variabilidade neste período.
No mês de janeiro,
a maior probabilidade é da precipitação
ficar pouco abaixo do padrão climatológico
no sul do Estado e dentro do padrão
nas demais regiões. Em fevereiro, a
maior probabilidade indica precipitação
pouco abaixo do padrão na fronteira
sul do Estado e nas missões; nas demais
regiões, dentro do padrão climatológico.
Para março, a maior tendência
é da precipitação ficar
um pouco acima do padrão no leste e
nordeste, e dentro do padrão nas demais
regiões do Estado.
A temperatura mínima, para o mês
de janeiro ficará entre o padrão
climatológico ou pouco acima em todo
o Estado. Em fevereiro a mínima ficará
um pouco abaixo do padrão climatológico
em todo o Estado. Para março a mínima
ficará um pouco acima do padrão
em praticamente todo o Estado.
A temperatura máxima para janeiro ficará
pouco abaixo do padrão climatológico
no Litoral Sul e em todo Vale do Uruguai e
dentro do padrão nas demais regiões.
Em fevereiro a temperatura máxima ficará
abaixo do padrão climatológico
e no mês de março a máxima
ficará acima do padrão climatológico.
Destacamos que a persistência das anomalias
de chuva prevista para janeiro e fevereiro
pode provocar déficit hídrico
em algumas regiões, principalmente
na fronteira sul do Estado.
É lembrado que as
previsões climáticas são
ainda, de caráter experimental e, para
a Região Sul do Brasil, elas têm
média confiabilidade.
Recomendações
Técnicas
I – ORIENTAÇÕES
TÉCNICAS GERAIS
1. Consultar a assistência
técnica da Emater, IRGA, Cooperativas
e outras para o manejo e condução
das culturas de inverno e para o planejamento
e implantação das culturas de
primavera-verão;
2. Consultar os serviços de previsão
de tempo e clima, para o planejamento, manejo
e execução das operações
agrícolas;
3. Observar o zoneamento agrícola;
4. Escalonar a época de semeadura/plantio,
utilizando cultivares de ciclos diferentes;
5. Utilizar a população de plantas
indicada para a cultura;
6. Dar preferência ao plantio direto
na palha. Não sendo possível,
mobilizar o solo o mínimo necessário,
por ocasião do preparo e da semeadura;
7. Implantar as culturas sob adequadas condições
de umidade e temperatura do solo.
8. Dentro do sistema de produção,
observar práticas de rotação
de culturas;
9. Racionalizar o uso da água e irrigar
quando necessário, preferencialmente
nos períodos críticos das culturas;
10. Para cultivos de culturas de sequeiro
(milho, soja, sorgo e forrageiras) em várzeas
úmidas, promover drenagem a fim de
evitar excessos hídricos prolongados;
11. Descompactar o solo, quando necessário;
12. Evitar o esvaziamento de barragens;
13. Se necessário, realizar os tratamentos
fitossanitários preconizados para cada
cultura, observando as medidas gerais de segurança
ao aplicador e ao meio ambiente;
14. Seguir as recomendações
técnicas emanadas da pesquisa.
II– ORIENTAÇÕES
TÉCNICAS ESPECÍFICAS
PARA A CULTURA DO
ARROZ
1. Racionalizar o uso da
água disponível através
da sua movimentação mínima
nos quadros e manutenção de
baixas lâminas de água;
2. Evitar banhos, principalmente nos sistemas
de plantio direto e cultivo mínimo,
limitando-os ao estritamente necessário;
3. Realizar a primeira aplicação
da adubação nitrogenada em cobertura
no solo seco quando as plantas estiverem com
3 a 4 folhas, devendo-se entrar com água
até no máximo três dias
após.
PARA A CULTURA DO MILHO
1. Havendo condições
adequadas de umidade no solo, realizar a semeadura
o mais breve possível;
2. Usar adubação nitrogenada
em cobertura. Se utilizar uréia, fazê-lo
somente se o solo apresentar condições
adequadas de umidade;
3. Colher assim que amadurecer, secar imediatamente
e armazenar corretamente, visando preservar
a qualidade do grão;
4. Para semeaduras deste final de período,
utilizar cultivares precoces e superprecoces,
em populações entre 40.000 a
50.000 plantas por hectare.
PARA A CULTURA DO
SORGO
1. No sistema de plantio
direto, semear na profundidade de 1 a 2 cm,
com leve compactação;
2. Usar adubação nitrogenada
em cobertura. Quando utilizar uréia,
fazê-lo somente quando o solo apresentar
umidade adequada;
3. Realizar a semeadura até 20 de janeiro;
PARA A CULTURA DO
FEIJÃO
1. Usar adubação
nitrogenada em cobertura. Quando utilizar
uréia, fazê-lo somente quando
o solo apresentar umidade adequada;
2. Colher assim que amadurecer, secar imediatamente
e armazenar corretamente, visando preservar
a qualidade do grão;
3. Dar preferência para cultivares de
sistemas radiculares mais desenvolvidos, tais
como Rio Tibagi, Guapo Brilhante, FT Nobre
e IAPAR 44.
PARA A CULTURA DA
SOJA
1. Para semeaduras deste
final de período, utilizar cultivares
semitardias/tardias;
2. Como medida de prevenção
à ferrugem asiática, realizar
vistorias sistemáticas da lavoura,
desde o início do desenvolvimento vegetativo,
intensificando a partir da floração;
3. Utilizar o tratamento de sementes.
PARA FRUTICULTURA
1. Dar ênfase ao uso
de cortinas quebra-vento para reduzir o déficit
hídrico e a disseminação
de pragas e doenças;
2. Promover o manejo da vegetação
em pomares, com coberturas verdes, e propiciar
a cobertura morta na projeção
da copa das frutíferas para proteger
o solo e reter a umidade;
3. Realizar a poda verde para diminuir os
riscos de doenças e melhorar a coloração
dos frutos;
4. Dar ênfase ao monitoramento de pragas
e doenças;
5. Realizar o raleio de frutos nas espécies
que necessitem desta prática;
6. Suplementar com irrigação
pomares plantados neste ano, para favorecer
o estabelecimento do sistema radicular; utilizar
cobertura morta ao redor das mudas, sempre
que possível;
7. Proceder irrigações diárias
e em baixo volume para a cultura do quivizeiro,
para aumentar o tamanho final dos frutos;
8. Realizar adubação somente
quando o solo apresentar umidade adequada;
9. Redobrar a atenção nos vinhedos
visando o adequado controle do míldio.
Da mesma forma, em pomares de pêssego,
para o controle da podridão parda;
10. Aumentar o número de armadilhas
para monitoramento da população
de mosca das frutas;
11. Em viticultura, observar o ponto de maturação/
colheita das uvas, pois com déficit
hídrico associado à grande amplitude
térmica diária, as bagas mudam
de cor antes de terem atingido um adequado
acúmulo de sólidos solúveis
totais, induzindo a erros de ponto de colheita.
PARA AS HORTALIÇAS
1. Para instalação
de novas hortas, escolher áreas bem
drenadas;
2. Em ambientes protegidos, evitar irrigação
em excesso e utilizar cobertura morta com
plástico preto e irrigação
por gotejamento;
3. Dar ênfase ao monitoramento de pragas
e doenças;
4. Em ambientes protegidos (túneis
e estufas) proceder a abertura o mais cedo
possível e o fechamento ao pôr-do-sol;
5. Dar preferência à produção
de mudas em sementeiras em túneis baixos
e estufas, destinadas a este fim específico,
evitando os efeitos das chuvas, principalmente;
6. No preparo do solo para semeadura de plantas
de baraço (cucurbitáceas), quando
as culturas não forem irrigadas, fazer
subsolagem e semeadura direta, a fim de aprofundar
o sistema radicular.
PARA AS FORRAGEIRAS
1. Escalonar a época
de semeadura;
2. Iniciar os trabalhos de drenagem nas áreas
de terras baixas que serão semeadas
a partir de fevereiro/março de 2006
com pastagens cultivadas;
3. Realizar o diferimento das pastagens, visando
a ressemeadura dos campos;
4. Aumentar o estoque de forragens no campo
diminuindo a carga animal, através
do diferimento de potreiros ou suplementação
com forragens conservadas (feno ou silagem);
5. No manejo de forrageiras e pastagens, evitar
o pastejo excessivo das plantas, para manter
a cobertura do solo e facilitar a recuperação
das mesmas;
6. Lembrar que períodos de descanso
(sem animais) por 40-45 dias servem para promover
o aprofundamento de raízes e resultam
em maior acúmulo de matéria
seca aérea;
7. Diminuir a lotação das pastagens
nos períodos em que ocorrem estiagens,
utilizando outros potreiros ou alimentação
suplementar;
8. Neste mês, dezembro, ainda podemos
implantar forrageiras de verão, utilizando
mudas ou sementes de alto vigor.
Participantes
As seguintes Instituições e
Entidades participaram desta reunião
do COPAAERGS e da elaboração
do presente documento.
SAA / Coordenadoria Estadual de Planejamento?
Agrícola – CEPA – Coordenação
Associação Riograndense de Empreendimentos?
de Assistência Técnica e Extensão
Rural - EMATER/RS / Associação
Sulina de Crédito e Extensão
Rural – ASCAR
Companhia Nacional de Abastecimento –? CONAB
Coordenadoria Estadual da Defesa Civil da
Casa Militar?
Empresa? Brasileira de Pesquisa Agropecuária
– EMBRAPA TRIGO
Federação da? Agricultura do
Estado do Rio Grande do Sul – FARSUL
Federação dos? Trabalhadores
na Agricultura no Rio Grande do Sul – FETAG
Fundação? Estadual de Pesquisa
Agropecuária – FEPAGRO/SCT
Fundação Estadual de? Proteção
Ambiental Henrique Luis Roessler* - FEPAM
Universidade Federal do? Rio Grande do Sul
– UFRGS
Instituto Nacional de Meteorologia – INMET
/ 8º? Distrito de Meteorologia
Instituto Rio Grandense do Arroz – IRGA?
SAA? / Área de Seguro Agrícola
Sociedade Brasileira de Agrometeorologia?
Estas recomendações
ora elaboradas, serão divulgadas através
das instituições participantes,
bem como através da Internet, nos seguintes
sites:
www.agrometeorologia.rs.gov.br
www.cpmet.ufpel.tche.br
www.inmet.gov.br
www.irga.rs.gov.br;
www.cpact.embrapa.br
www.ufrgs.br/agronomia/tempoeclima
www.cnpt.embrapa.br/agromet
www.emater.tche.br
www.fepagro.rs.gov.br
Para acesso aos serviços
de previsão de tempo (curto prazo)
indicamos as seguintes instituições:
8º Distrito de Meteorologia
(Porto Alegre) - Fone: (51) 3334.7412 ou www.inmet.gov.br
Centro de Pesquisas Meteorológicas
da? UFPEL (Pelotas) - Tele-previsão:
(53) 277.6699
Centro de Previsão de Tempo? e Estudos
Climáticos – CPTE/INPE (Cachoeira Paulista-SP)
ou www.cptec.inpe.br.
Porto Alegre, 21 de dezembro
de 2005.
Nele,
além de várias outras seções
interessantes, está disponível
toda a coleção de Boletins do
COPAAERGS e do Fórum de Tempo &
Clima.
Você pode acessa-lo através do
Site da SAA ou pelo endereço abaixo:
www.agrometeorologia.rs.gov.br