A expedição
científica teve início na última
quinta-feira (02) e irá estudar uma
área pouco conhecida do estado do Amazonas
Manaus, 07 de março de 2006 — Disponibilizar
na internet um diário de campo com
as principais novidades da primeira expedição
científica à Reserva de Desenvolvimento
Sustentável (RDS) Cujubim. Esse é
o principal objetivo do blog “Expedição
Biológica à RDS Cujubim” (http://expedicaocujubim.conservation.org.br),
que entrou no ar nesta segunda-feira, dia
06.
A idéia é
divulgar as principais novidades enviadas
pela equipe de pesquisadores, que investigará
uma região de difícil acesso
e pouco conhecida, localizada no extremo oeste
do Amazonas. O barco que leva o grupo saiu
do município de Tefé no dia
02 e a previsão de chegada no primeiro
ponto de estudo é para o próximo
dia 09, quinta-feira. Ao todo serão
estudadas quatro áreas, escolhidas
por critérios como a diferenciação
de vegetação e a viabilidade
de acesso pelos rios. Elas situam-se ao longo
dos Rios Mutum, Jutaí, Juruazinho e
Curuena.
“Por ser uma área
desconhecida, as expectativas são muito
positivas. Estamos muito empolgados, mas cientes
das dificuldades logísticas para acessar
a área, bem como os vários dias
de deslocamento. Será uma viagem bem
longa”, afirma Raquel Carvalho, coordenadora
da expedição. Ela explica também
que as informações que serão
divulgadas no blog serão repassadas
em forma de relatório, através
de um telefone móvel via satélite.
Até hoje, apenas
alguns estudos sobre plantas foram realizados
na região em que fica a RDS Cujubim.
A expedição coletará
dados sobre a biodiversidade da área,
relacionadas à fauna - mamíferos,
aves, peixes, herpetofauna (répteis
e anfíbios) - e à flora. Além
da importância científica, essas
informações farão parte
do plano de gestão da unidade de conservação,
documento que prevê as atividades que
podem ser realizadas na área e deve
ser concluído no final deste ano.
A Expedição
Biológica à RDS Cujubim encerra
no dia 05 de abril e está sendo realizada
pela parceria entre o Governo do Amazonas,
através da Secretaria de Meio Ambiente
e Desenvolvimento Sustentável (SDS),
a organização não governamental
Conservação Internacional (CI-Brasil),
a Embaixada Britânica, o Museu Paraense
Emílio Goeldi, a Universidade Federal
do Pará, “A importância do investimento
técnico-científico e financeiro
nessa expedição se justifica
pela elevada relevância biológica
da área, que apresenta uma grande diversidade
de aves, mamíferos e invertebrados.
Espera-se que a região apresente um
alto número de espécies endêmicas
– que só existem ali. Acredito que
essa expedição trará
o registro de centenas de espécies
de uma região que nunca foi estudada”,
explica Enrico Bernard, gerente de projetos
do Programa Amazônia, da CI-Brasil.
RDS Cujubim
– Com cerca de 2,4 milhões de hectares,
a RDS Cujubim é uma das maiores unidades
de conservação de uso sustentável
do Brasil. Tem como principal objetivo conservar
a biodiversidade e os recursos naturais e
melhorar a qualidade de vida da população
que vive em seu interior. Localiza-se na bacia
do rio Jutaí, afluente da margem direita
do rio Solimões, entre a Terra Indígena
do Vale do Javari, ao sudoeste, e a Terra
Indígena do Biá, ao norte; e
integra o Corredor de Biodiversidade Central
da Amazônia.
A RDS está inserida
na área de endemismo Inambari, uma
das sub-regiões mais diversas da Floresta
Amazônica. Abriga espécies globalmente
ameaçadas de extinção,
como ariranhas (Pteronura brasiliensis), onças-pintadas
(Panthera onca), onças-vermelhas (Puma
concolor) e peixes-boi (Trichechus inunguis).
Cerca de 290 pessoas, distribuídas
entre 56 famílias, habitam a Reserva.
Elas têm como principal atividade a
agricultura de subsistência, a pesca
e o extrativismo. Alternativas econômicas
sustentáveis - como a extração
de óleos vegetais, a fruticultura,
a horticultura e o cultivo de plantas medicinais
– são estimuladas entre a população
local, a fim de aumentar a renda das famílias
e, ao mesmo tempo, evitar ações
predatórias como a exploração
madeireira sem planejamento.
Outras ações
para a implementação da RDS
também estão sendo desenvolvidas
na área pela parceria entre o Governo
do Amazonas, através do Programa Zona
Franca Verde, a CI-Brasil, a Embaixada Britânica
e a Prefeitura de Jutaí. O objetivo
é criar infra-estrutura dentro da RDS,
estabelecer um programa de monitoramento,
capacitar e organizar a população
local e elaborar o plano de gestão
da área.