09/03/2006
– O primeiro relatório global sobre
o registro de contaminação por
organismos geneticamente modificados revela
a existência, nos últimos dez
anos, de 113 ocorrências de irregularidades
envolvendo transgênicos em 39 países.
Desse total, 88 foram casos de contaminação.
O Relatório sobre Registro de Contaminação
Transgênica, organizado pelas organizações
não-governamentais Greenpeace e GeneWatch,
do Reino Unido, foi divulgado ontem (8) em
todo o mundo.
De acordo com o documento,
o número de países afetados
é o dobro daqueles que permitem oficialmente
o cultivo de transgênicos. Foram identificados
88 casos de contaminação, 17
de liberações ilegais e oito
relatos de efeitos negativos na agricultura.
Mais de 90% dos 113 casos estavam relacionados
aos quatro produtos transgênicos mais
cultivados comercialmente: milho (35%), soja
(23%), canola (8%) e algodão (9%).
Somente no ano passado, foram registradas
ocorrências em 11 países.
Os Estados Unidos são
o país que apresentou maior número
de contaminações e incidentes
com transgênicos, num total de 19 casos.
O país permite o cultivo de alguns
produtos geneticamente modificados. O Reino
Unido possui o segundo maior número
de casos comunicados oficialmente, dez casos,
embora não cultive transgênicos
comercialmente.
O Brasil é apontado
no relatório como um país que
tem registrado oficialmente quatro casos de
contaminação desde 1998. Um
dos casos brasileiros foi a entrada ilegal
de soja transgênica da Argentina, que
contaminou lavouras no Rio Grande do Sul de
1998 a 2005, e o caso de comercialização
de milho transgênico, também
no RS, no ano passado.
A coordenadora da Campanha
de Engenharia Genética do Greenpeace,
Gabriela Couto, diz que o controle do governo
brasileiro em relação aos organismos
geneticamente modificados é "ineficaz".
"Precisa haver por parte do governo federal
o real compromisso do cumprimento legal para
garantir a biossegurança do país.
A biossegurança no aspecto ambiental,
onde o cultivo de transgênicos é
identificado e informado", diz Gabriela.
Para o secretário
de Biodiversidade e Florestas do Ministério
do Meio Ambiente (MMA), João Paulo
Capobianco, é fundamental que a legislação
e a atuação do poder público
garantam que não haverá contaminação.
"Se houver contaminação,
que haja responsabilização daquele
que promoveu a contaminação,
porque se não houver uma política
clara que garanta o controle da chamada contaminação
indesejada, no futuro teremos apenas transgênicos",
afirma.
O relatório recomenda,
entre outras coisas, a criação
de uma comissão internacional independente
para investigar e implementar medidas para
reverter as contaminações transgênicas
em todo o mundo. Ele também pede o
estabelecimento de um registro global de ocorrência
de transgênicos e o fim das aprovações
e liberações desses organismos
nas atuais condições.
*Colaborou Juliana Andrade