10/03/2006
- A coordenadora nacional da organização
evangélica Jovens Com Uma Missão
(Jocum), Bráulia Inês Ribeiro,
negou hoje (10) qualquer tipo de agressão
cultural às práticas indígenas.
Mas defendeu, em entrevista à Radiobrás
, medidas para impedir a prática de
suicídio entre os indígenas
Suruahá, no Amazonas.
"Quando nossos indigenistas
estão na área, eles correm atrás
da pessoa, tentam colocar um graveto na garganta
dela para fazê-la vomitar. É
uma atuação desesperada para
salvar vidas", afirmou. "Em nome
do relativismo cultural, você não
pode assistir passivamente à morte
de alguém".
Os Suruahá vivem
em uma área demarcada e homologada
de 2,5 milhões de hectares em Tapauá,
no sul do Amazonas. Atualmente há apenas
137 indígenas dessa etnia – nos últimos
2,5 anos, 28 pessoas desse povo se mataram,
ingerindo o veneno da planta timbó.
Eles acreditam que o suicídio é
uma maneira de reencontrar os antepassados.
"Outra prática
da cultura Suruahá é abandonar
crianças com necessidades especiais
ou doentes", contou Ribeiro. "O
infanticídio é comum também
em outros povos indígenas – e ignorado
pelo governo brasileiro".
A Jocum foi denunciada pelo
Conselho Indigenista Missionário (Cimi)
ao Ministério Público Federal
(MPF) porque retirou, em abril do ano passado,
duas crianças Suruahá do seu
território. Elas foram levadas, acompanhadas
por seis parentes, para tratamento em Porto
Velho (Rondônia) e, posteriormente,
em São Paulo.
Na última quarta-feira
(8), a Fundação Nacional de
Saúde (Funasa) pediu aos promotores
da 6ª Câmara Tématica –
Índios e Etnias a retirada dos missionários
do Cimi e da Jocum da terra Suruahá.
O Ministério Público Federal
ainda não se manifestou sobre o pedido.