09/03/2006
- Em comemoração ao Dia Internacional
da Mulher, cinco mulheres foram escolhidas
para receber o prêmio Bertha Lutz, uma
homenagem, realizada no Senado Federal, em
reconhecimento às mulheres que atuam
em defesa da cidadania, dos direitos humanos
e políticos da mulher brasileira. Entre
os vários currículos enviados
ao Conselho Mulher-Cidadã Bertha Lutz,
foi escolhido o da indígena acreana
Raimunda Putani Yawanawá, primeira
pajé mulher do Brasil.
“Esse prêmio é
um reconhecimento à nossa luta, uma
forma de respeito às tradições
do povo Yawanawá e de todos os povos
indígenas brasileiros”, diz a pajé.
“É um reconhecimento às mulheres
do nosso povo. É uma prova de que as
mulheres podem fazer qualquer coisa, um exemplo
para nosso povo, para os jovens e crianças”,
completa Kátia Yawanawá, irmã
de Raimunda e também pajé.
Para se tornarem pajés,
Raimunda e Kátia precisaram superar
alguns obstáculos. Venceram o preconceito
dos sábios de seu povo e passaram um
ano isoladas na mata, comendo alimentos crus
e tomando apenas uma bebida especial a base
de milho. Em fevereiro deste ano fizeram o
juramento ao Rare – raiz da planta mais sagrada
para o povo Yawanawá, que representa
o Criador – e se tornaram pajés. Agora,
são guias e conselheiras espirituais
da tribo, guardiãs dos usos, costumes
e sabedoria de seu povo.
Assim como Raimunda e Kátia,
outras quatro mulheres receberam o prêmio:
a dirigente camponesa Elizabeth Teixeira;
a sindicalista Geraldina Pereira; a economista,e
pedagoga Jupyra Ghedini, e a deputada estadual
Rosemary Corrêa. Para a presidente do
Conselho Mulher-Cidadã Bertha Lutz,
Serys Slhessarenko (PT-MT), a população
feminina brasileira está bem representada.
“Foram dezenas de currículos, com histórias
de vida e lutas fantásticas. Por isso,
essas mulheres aqui homenageadas representam
bem todas as mulheres do nosso Brasil”, afirma.
O prêmio faz menção
à bióloga Bertha Lutz, que ficou
conhecida como a maior líder na luta
pelos direitos políticos das mulheres
brasileiras. Ela lutou pela adoção
do voto feminino e criou a Liga para a Emancipação
Intelectual da Mulher. O Dia Internacional
da Mulher, oficialmente comemorado no dia
8 de março, foi instituído em
1975, na Assembléia Geral da Organização
das Nações Unidas (ONU), para
reverenciar o episódio ocorrido nos
Estados Unidos, em 1857, quando 129 operárias
de uma fábrica têxtil morreram
carbonizadas num incêndio, no momento
em que faziam greve por melhores condições
de trabalho.