13/03/2006
- A organização não-governamental
Greenpeace cobrou hoje (13) do governo brasileiro
que assuma o mais rapidamente possível
uma posição oficial sobre o
que considera o assunto mais importante em
discussão na 3ª Reunião
das Partes do Protocolo de Cartagena sobre
Biossegurança (MOP-3): a identificação
de transgênicos nas cargas exportadas.
O consultor político
do Greenpeace, Sérgio Leitão,
informou que a organização defende
a posição do Ministério
do Meio Ambiente, de optar pelo uso da palavra
"contém". É uma postura,
segundo ele, de respeito à biodiversidade,
de garantia da biossegurança e de respeito
à saúde de todos os habitantes
do planeta. Na opinião do consultor,
o uso da expressão "pode conter"
está ligado aos interesses da indústria
e na prática, pelo menos para o Brasil,
significa nada a fazer. "Não é
só uma mera briga de palavras – significa
a diferença entre fazer alguma coisa
ou nada", disse.
Leitão reiterou que
o Greenpeace cobra "uma posição
clara no sentido da defesa do 'contém',
sem qualquer tipo de adiamento quanto ao início
imediato dessa medida, para que tenhamos a
garantia de que a posição do
governo brasilero não é a mesma
adotada na última MOP, no Canadá,
no ano passado, quando o Brasil se uniu à
Nova Zelândia para atender a interesses
de países que sequer são signatários
do Protocolo, como Estados Unidos, Argentina
e Austrália".
E lembrou que reuniões
com a sociedade civil e com lideranças
do agronegócio poderiam "clarear
algumas questões, como o aumento no
custo das transações econômicas
em decorrência da adoção
do 'contém', já que alguns cálculos
apontam prejuízos de US$ 100 milhões,
mas são exageros, sem fundamentação".
Para Leitão, o consumidor deve ter
a opção, no mercado, de comprar
ou não um alimento que tenha sido feito
com produto geneticamente modificado.
O Greenpeace distribuiu
cópias do primeiro relatório
global que aponta a contaminação
do meio ambiente por organismos geneticamente
modificados (OGMs), narrando 113 casos ocorridos
nos últimos dez anos em 39 países.
Segundo o relatório, só no ano
passado foram registradas ocorrências
em 11 países, incluindo alguns que
supostamente possuem um sistema de controle
rígido, como o Reino Unido.
No relatório, o Brasil
é apontado como país que tem
quatro casos de contaminação
oficialmente registrados desde 1998, como
a entrada ilegal de soja transgênica
da Argentina em lavouras no Rio Grande do
Sul, em 2005, e a comercialização
de milho transgênico, no mesmo estado,
também no ano passado.