12/03/2006
- Uniforme cáqui, GPS (localizador
via satélite) na mão, prancheta
e muita atenção pelo caminho.
O que parece só uma pedrinha pode ser
o vestígio de antigas civilizações.
A equipe de arqueologia da Universidade Federal
de Pernambuco acompanha a abertura da nova
pista na duplicação da BR-101
Nordeste, no trecho entre Recife e Natal.
A obra está na etapa de terraplanagem,
até agora foram localizados 20 sítios
arqueológicos em Pernambuco e dois
na Paraíba.
A arqueóloga da Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE), Silvia Uchôa,
explica que o momento exige muita atenção
da equipe: "Agora a gente está
acompanhando, monitorando o rebaixamento de
nível. Muitas vezes o material está
um pouco abaixo do solo e quando faz essa
limpeza ele aparece. Já é uma
área muito mexida, muito material está
aflorando e isso dá a perspectiva de
encontrar algum sepultamento, alguma coisa
embaixo do solo".
Para Marcos Albuquerque,
professor de Arqueologia da UFPE, é
comum, em obras desse porte, encontrar sítios
arqueológicos. Segundo ele, nesta região,
existiu maior ocupação do território
brasileiro no período pré-histórico
do que nos momentos atuais. "É
raro os locais onde não encontramos
sítios arqueológicos que vão
desde grupo de caçadores holocênicos,
quer dizer, de oito mil anos atrás
até sítios do período
colonial", diz.
O material encontrado vai
ficar guardado temporariamente na Universidade
Federal de Pernambuco. Mas além de
sítios arqueológicos, também
é preciso estar atento para que a construção
da nova pista não resulte em outros
problemas mais tarde como a destruição
das reservas ambientais. A maior parte da
floresta que existia na região foi
devastada, nos últimos 500 anos. Agora,
a obra, além de tentar preservar o
que ainda existe, também deve tentar
recuperar o que já foi destruído,
o que os ambientalistas chamam de passivo
ambiental.
Marco Andrey, coordenador
técnico de meio-ambiente do Centro
de Excelência em Engenharia (Centran)
afirma que essa região teve um desmatamento
muito grande ao longo da história.
"Temos que recuperar o passivo ambiental
em áreas que foram destruídas,
tanto da época da construção
da rodovia quanto nos últimos anos
e que podem vir a comprometer o corpo da pista
que esta sendo construída", diz.
O ambientalista informa
que algumas áreas degradadas historicamente,
como a reserva biológica Guaribas,
pertencente ao Ibama, serão recuperadas,
além da revitalização
de áreas de preservação
permanente e de matas ciliares, próximas
aos cursos d’água.
*A equipe da Radiobrás
viajou a convite do Ministério do Planejamento