22/03/2006 - Os recentes
avanços da Iniciativa Internacional para
a conservação e o Uso Sustentável
dos Polinizadores (IPI), coordenada pela Organização
das Nações Unidas para Alimentação
e Agricultura (FAO), serão apresentados
nesta quarta-feira (22) durante evento paralelo
à 8ª Conferência das Partes
da Convenção sobre Diversidade
Biológica (COP-8), em Curitiba. O Ministério
do Meio Ambiente lançará três
publicações sobre o tema, entre
elas o livro Bees as Pollinators in Brazil,
que apresenta o status do trabalho no País
e sugere as melhores práticas para conservação
das abelhas como agentes polinizadores.
A agrobiodiversidade é a relação
entre biodiversidade e agricultura - inclui
desde serviços genéticos, como
as variedades crioulas e parentes silvestres
de plantas e animais domesticados, até
os componentes que mantêm serviços
ambientais importantes, como bactérias
que fixam nitrogênio, fungos que ajudam
as raízes das planta a absorverem nutrientes
e abelhas polinizadoras.
Braulio Dias, gerente do Programa de Conservação
da Biodiversidade do MMA, explica que a IPI
é apenas uma das iniciativas que o Brasil
lidera na área de agrobiodiversidade.
"A idéia foi proposta pelo País
em nível internacional, aceita pela CDB,
e é um exemplo concreto de manejo dos
chamados serviços ecológicos e
ambientais", explica.
A polinização passa por uma crise
mundial. Pesquisadores dizem que, embora este
seja um "serviço ambiental relevante",
tem recebido pouca atenção nos
processos de manejo agrícola ou nas ações
conservacionistas. O desmatamento e o uso excessivo
de pesticidas têm contribuído para
o declínio de agentes polinizadores.
Seu déficit nos ecossistemas resulta
em perdas de produtividade e de qualidade na
agricultura e, a longo prazo, pode resultar
em crise também na produção
de alimentos. Cerca de três quartos das
plantas agrícolas e farmacêuticas,
por exemplo, dependem hoje da polinização,
cujo valor global é estimado entre US$
65 a 70 bilhões.
O Brasil também está apresentando
na COP-8 os avanços da Iniciativa para
Conservação e Uso Sustentável
da Biodiversidade dos Solos, liderada pela Embrapa,
e lançando uma outra proposta, chamada
Iniciativa Biodiversidade para Alimentos e Nutrição,
que pretende fazer uma ponte entre as áreas
ambiental e social.
"O resgate do valor nutricional dos produtos,
aliado à agricultura familiar e à
proteção da biodiversidade, é
considerado fundamental nas políticas
integradas que os países podem adotar
no combate à fome. Todas os ministérios
brasileiros possuem ações para
inclusão social, o que coloca o país
numa posição de destaque no debate
do tema", afirma o diretor do Programa
Nacional da Conservação da Biodiversidade
(Probio), Paulo Kageyama.
O MMA também apresentou na COP-8 os Centros
Irradiadores de Manejo da Agrobiodiversidade
(Cima), uma parceria do MMA e Incra para estimular
famílias assentadas a praticar atividades
agrícolas sustentáveis. Eles já
estão implantados em mais de dez estados
e nasceram com o objetivo de preservar as variedades
de sementes crioulas, espécies tradicionais
de milho feijão e mandioca, cultivadas
por agricultores familiares, comunidades indígenas
e quilombolas.
De acordo com os técnicos, as espécies
crioulas têm grande variabilidade genética
e são melhoradas pelas comunidades e
adaptadas às suas condições
socioculturais e ambientais. A adaptação
das sementes ao clima local garante maior produtividade.
Os centros também incentivam a produção
de plantas para uso medicinal, a criação
de animais domésticos e práticas
de agroextrativismo.