Conservação
Internacional lança livro, durante
a COP8, que descreve e ilustra os 28 corredores
transfronteiriços prioritários
para o planeta
Curitiba, 24 de março de 2006 —
A natureza desconhece fronteiras, é
o que afirma o livro “Conservação
Transfronteiriça, uma nova visão
para a proteção das área
protegidas” lançado hoje pela ONG Conservação
Internacional (CI), CEMEX, e a Associação
Sierra Madre. O evento acontece hoje durante
a 8a Conferência das Partes (COP8) da
Convenção da Diversidade Biológica
(CDB), em Curitiba, às 18h30, na sala
B1.4.
O livro propõe 28
regiões transfronteiriças distribuídas
nos cinco continentes, com ênfase nas
áreas de maior biodiversidade. “Além
de analisar a importância da cooperação
internacional em áreas críticas
para a conservação, avaliamos
o impacto que a degradação dessas
regiões pode causar nas populações
humanas,” explica Russell A. Mittermeier,
presidente da CI e organizador da publicação.
Os primeiros capítulos
do livro retratam os esforços de implementação
das três maiores áreas protegidas
transfronteiriças do mundo, o Parque
Transfronteiriço do Grande Limpopo,
na África, o Complexo El Carmen-Big
Bend, na América do Norte, e o Parque
Internacional da Paz de Waterton-Glacier,
entre o Canadá e os Estados Unidos.
Estabelecido em 1932, Waterton-Glacier é
pioneiro na conservação transfronteiriça.
São nove os corredores
retratados nas Américas, dois na Europa,
sete na África, quatro na Ásia
e três marinhos. “O Corredor Marinho
do Pacífico Tropical Leste é
um exemplo que engloba uma rede de áreas
protegidas marinhas da Costa Rica, Panamá,
Colômbia e Equador - incluindo Galápagos.
É uma iniciativa que alinha os vários
setores da sociedade na conservação
e desenvolvimento sustentável de uma
das regiões mais ricas e produtivas
do Pacífico,” afirma Luis Suarez, diretor
executivo da CI-Equador.
São três os
corredores transfronteiriços propostos
no Brasil. Um deles está no limite
sul do país com a Argentina, o Corredor
do Iguaçu. É um fragmento de
Mata Atlântica com presença de
araucárias, onde se encontram os parques
nacionais dos dois países, reconhecidos
como estrelas nos sistemas de unidades de
conservação.
Os outros dois corredores
estão na Amazônia. O Corredor
dos Tepuis, entre Venezuela, Brasil e Guiana,
é composto por uma cadeia das mais
antigas formações rochosas da
América do Sul, que datam em média
de 2 bilhões de anos e se assemelham
a montanhas com grandes terraços rodeados
de florestas e savanas. O outro Corredor está
sendo batizado como Guianas-Brasil, uma área
de 2,5 milhões de km2, equivalente
a cinco vezes o território da França,
que contém 25% dos remanescentes das
florestas tropicais. O Parque Nacional das
Montanhas do Tumucumaque, no estado do Amapá,
é considerado âncora no Corredor
Brasil-Guianas.
A CI tem trabalhado para
conceituar e implementar a área, promovendo
pesquisa, apoiando a infra-estrutura e os
planos de manejo. “Sempre tivemos a visão
de conectar o Corredor de Biodiversidade do
Amapá com áreas vizinhas. Acreditamos
que este é o momento de olhar para
além das fronteiras e se engajar em
uma série de iniciativas que vão
aumentar os recursos e a assistência
técnica disponíveis para a região,
resolvendo disputas de fronteiras,” defende
José Maria Cardoso da Silva, vice-presidente
de ciência da CI-Brasil.
Com 372 páginas,
o livro é fruto do trabalho de mais
de 50 pesquisadores, ilustrado com imagens
de reconhecidos fotógrafos de natureza,
membros da Liga Internacional dos Fotógrafos
Conservacionistas. Pode ser adquirido no website
da CI www.conservation.org
por US$ 75.