24-03-2006
- Curitiba (PR) - A sociedade brasileira lança
na CDB documento para discussão conjunta
de mudanças climáticas e preservação
de florestas tropicais
O Fórum Brasileiro
de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente
e o Desenvolvimento (FBOMS) e o Observatório
do Clima lançaram, nesta sexta, um
documento alertando para a necessidade de
ações urgentes para combater
o impacto das mudanças climáticas
na biodiversidade. O documento, divulgado
na Conferência sobre Diversidade Biológica
(CDB), será entregue para o presidente
Lula neste domingo.
A interação
entre o desmatamento e as mudanças
climáticas pode ser particularmente
prejudicial às florestas tropicais,
fazendo com que elas entrem em um ciclo vicioso,
onde o desmatamento é uma das causas
do aquecimento global, e o aquecimento global
por sua vez aumenta ainda mais a vulnerabilidade
das florestas tropicais, que ficam mais sujeitas
a incêndios e períodos prolongados
de seca.
Segundo estudo da FAO de
2005, apenas sete países, entre eles
o Brasil, perderam mais do que 71 milhões
de hectares de florestas entre 11000 e 2000.
Os outros países são Indonésia,
Sudão, Zâmbia, México,
República Democrática do Congo
e
Myanmar. O desmatamento das florestas, quando
feito por queimadas, libera na atmosfera uma
grande quantidade de CO2, o principal gás
do efeito estufa, e com isso contribui para
a aceleração do processo de
aquecimento global.
O Brasil é um dos
países com a maior biodiversidade do
mundo e 75% de suas emissões de gases
do efeito estufa são oriundas do desmatamento
na floresta amazônica, tornando-se o
quarto maior emissor do planeta.
“O desmatamento está
se tornando uma fonte muito importante de
emissões de gases de efeito estufa,
e hoje estima-se que já seja responsável
por algo entre 10% a 35% das emissões
globais anuais”, disse Carlos Rittl, coordenador
da Campanha de Clima do Greenpeace Brasil.
“As mudanças climáticas podem
afetar os ecossistemas e as espécies
de diversas maneiras. A seca da Amazônia
do ano passado pode ser apenas uma mostra
do que pode acontecer no futuro”, disse Rittl.
Para o FBOMS, só
será possível reverter o cenário
atual se os países em desenvolvimento
receberem apoio financeiro e tecnológico
para conseguir implementar políticas
públicas eficazes de conservação
de suas florestas e redução
das taxas de desmatamento. “A necessidade
de financiamento é uma questão
chave concernente à proteção
de florestas tropicais. Considerando-se o
que está em jogo, tanto em termos de
valor de florestas intactas quanto da necessidade
de se estabilizar o clima global, precisamos
de mecanismos práticos de financiamento,
tanto no âmbito da CDB, quanto no da
Convenção do Clima”, concluiu
Rittl.