Curitiba (22/03/06) – A
proposta de se discutir o uso não-letal
de cetáceos em diversos foros internacionais
ganhou adesão de participantes do evento
paralelo promovido hoje pelo Ibama durante
a Oitava Conferência das Partes da Convenção
sobre Diversidade Biológica (COP 8).
O uso não-letal vem sendo discutido
há anos em reuniões da Comissão
Internacional da Baleia (CIB), responsável
pela implementação da Convenção
Internacional para a Regulação
de Atividade Baleeira. Mas sem avanços.
“É imperativo que os países
que buscam garantir o direito ao uso legítimo
da biodiversidade marinha, através
do uso não-letal dos cetáceos,
levem a defesa desse direito a outros foros
internacionais”, defendeu o presidente do
Ibama, Marcus Barros, quando abriu o evento
paralelo.
Os demais integrantes da mesa redonda montada
para discutir “Uso não-letal de cetáceos:
repartindo benefícios da biodiversidade
com todo o mundo e mantendo vivas as baleias”
concordaram com Barros.
O vice-comissário do Brasil junto à
CIB, José Truda Pallazzo, por exemplo,
disse que a comissão orienta seus trabalhos
com base na “anacrônica” Convenção
Internacional para a Regulação
de Atividade Baleeira, criada em 1946. Ele
ressalta que o o direito ambiental mudou bastante
no mundo e citou que a Convenção
de Dirieto do Mar, também das Nações
Unidas, definiu tratamento especial para cetáceos.
O comissário da Argentina na CIB, embaixador
Eduardo Iglesias, ressaltou que a proposta
de uso não-letal se insere perfeitamente
na Convenção da Diversidade
Biológica.
O chefe do Departamento de Meio Ambiente da
Nova Zelândia, Allan Cook, informou
que em seu país a caça a baleias
é considerada atividade desumana. A
matança, segundo ele, é menos
lucrativa do que investir no turismo de observação
de baleias. Turistas do mundo inteiro vão
a Kaikoura, na Nova Zelândia, para observar
estes animais. Cook contou que a região
é tão repleta de baleias que
as empresas turísticas garantem: “se
você não enxergar baleia, terá
o seu dinheiro de volta”.
Outra proposta bastante comentada durante
o evento paralelo do Ibama na COP 8 foi a
criação dos santuários
do Atlântico do Sul e do Pacífico
Sul, áreas livres de caça de
baleia.