19/03/2006 - Brasília
– Na opinião da ambientalista Marijane
Lisboa, consultora da Associação
de Agricultura Orgânica (AAO) e professora
de relações internacionais da
Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo (PUC-SP), a 3ª Reunião
das Partes do Protocolo de Cartagena sobre
Biossegurança (MOP-3), encerrada ontem
(17) em Curitiba (PR), foi "decepcionante".
A afirmação
se refere ao acordo feito pelos 97 países
membros do protocolo, que decidiram postergar
para 2012 a obrigatoriedade do uso do termo
"contém" no comércio
internacional de organismos geneticamente
modificados (OGMs). Até lá,
alguns países signatários -
aqueles com tecnologia suficiente para identificar
os produtos - usarão o termo "contém"
e os que ainda não possuem capacidade
técnica adotarão o termo "pode
conter".
"O que se esperava
é que agora fosse obrigatório
que todo o movimento de transgênicos
fosse claramente identificado, e o que se
fez foi adiar tudo isso para 2012, ou seja,
durante esse período vamos ter muita
contaminação por transgênicos
em muitos países do mundo", critica
Marijane.
Segundo a ambientalista,
a participação do Brasil na
MOP-3 foi melhor do que na MOP-2, que aconteceu
no ano passado em Montreal, no Canadá.
"O Brasil em Montreal fez o que agora
fez o México aqui. Mas de qualquer
forma a proposta brasileira foi muito tímida
muito pior do que se podia esperar, e nessa
timidez da proposta brasileira evidentemente
se reflete a força do setor de agronegócios
dentro do governo brasileiro", afirma.
De acordo com Rubens
Nodato, gerente de recursos genéticos
do Ministério do Meio Ambiente (MMA),
o Brasil, ao declarar oficialmente o apoio
à rotulagem obrigatória dos
transgênicos, iniciou um processo importante
que vai terminar daqui a seis anos. "A
identificação deve ser feita
a partir de agora", afirmou.