24-03-2006
- Curitiba (PR) - Uma grande coalização
de movimentos de trabalhadores rurais, populações
tradicionais e ONGs celebram hoje a firma
rejeição contra tentativas de
enfraquecer a moratória contra os terminators
Hoje o presidente do grupo
de trabalho que está tratando do tema
sobre as sementes transgênicas ‘terminators’,
na 8ª Reunião das Partes (COP
8) da Conferência sobre Diversidade
Biológica (CDB), anunciou a rejeição
do texto que tentava enfraquecer a moratória
hoje vigente contra a tecnologia que produz
plantas com sementes estéreis.
O texto rejeitado tentava
colocar a expressão ‘caso a caso’ para
permissão de experimentos com os ‘terminators’.
A Austrália, o Canadá e a Nova
Zelândia, apoiados pelos Estados Unidos,
que não fazem parte da Covenção,
e pelas maiores indústrias de biotecnologia
do mundo, estavam tentando modificar o texto
da moratória para que, na prática,
fosse permitido experimentos em campo com
a tecnologia de sementes transgênicas
suicidas.
“Acabar com a moratória
sobre as sementes terminator seria um ato
suicida com a credibilidade desta convenção
e dos seus países membros”, afirmou
Sérgio Leitão, diretor de Políticas
Públicas do Greenpeace. “Quem sai ganhando
é a biodiversidade, a biossegurança
e principalmente os 1,4 bilhões de
trabalhadores rurais que dependem da agricultura
familiar e de sua própria produção
de sementes para sobreviver”, concluiu.
Os terminators, ou GURTS
(na sigla em inglês para tecnologias
genéticas de uso restrito), são
um tipo de engenharia genética feita
por multinacionais que produz sementes originando
plantas estéreis, que não podem
se reproduzir. Como há uma grande taxa
de contaminação genética
de lavouras convencionais por sementes transgênicas,
muitos lavradores teriam seus cultivos contaminados,
não podendo mais produzir sementes
de sua própria lavoura, prática
feita por mais de um bilhão de agricultores
em todo o mundo.
“Essa decisão é
um grande passo para a Campanha por um Brasil
Livre de Transgênicos”, disse Maria
Rita Reis, da ONG Terra de Direitos. “E reafirma
a lei brasileira que proíbe essa tecnologia,
que é uma ameaça direta à
vida, a cultura e a identidade de muitos povos
no mundo todo”, concluiu.