22/03/2006 - O ministro
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
Roberto Rodrigues, o diretor-presidente da
Companhia de Entrepostos e Armazéns
Gerais de São Paulo (Ceagesp), Francisco
Cajueiro, e o presidente-executivo da Associação
Nacional de Defesa Vegetal (Andef), Cristiano
Walter Símon, lançam nesta sexta-feira
(24/03), em São Paulo, o Sistema de
Informação de Resíduos
de Agrotóxicos em Horticultura (Sirah).
O evento acontece no Edifício Cultura
Inglesa, em Pinheiros, a partir das 8h30.
O Sirah é um banco
de dados técnico-científico
com análises de resíduos agroquímicos
em frutas e hortaliças frescas, que
permitirá a criação de
um sistema nacional de informação.
A programação de lançamento
inclui um painel técnico com temas
como segurança alimentar, boas práticas
agrícolas, a importância do Sirah
e uma avaliação do risco de
agrotóxicos em alimentos.
Para a construção
do Sirah, foram computadas as informações
de 3.082 amostras de frutas e hortaliças
frescas, coletadas no Entreposto Terminal
de São Paulo, no período compreendido
entre janeiro de 1994 e abril de 2005, referentes
a 52 produtos hortifrutícolas. As análises
dos resíduos foram executadas pelo
Laboratório de Resíduos de Pesticidas
do Instituto Biológico.
Patrocinado pela Andef
e gerenciado pelo Centro de Qualidade em Horticultura
da Ceagesp, o Sirah permitirá coordenar
as informações sobre ocorrência
de resíduos (princípios ativos
e concentrações detectadas)
e origem do produto (produtor, estado, município
e permissionário).
Além disso, será
possível identificar que produtos estão
em conformidade com a legislação
vigente, que é bastante exigente nos
parâmetros de segurança. A obtenção
do registro de um agrotóxico atende
a limites determinados pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), que considera as estatísticas
de consumo de cada tipo de alimento pelos
brasileiros e os índices de Ingestão
Diária Aceitável (IDA).
O presidente-executivo da
Andef, Cristiano Simon afirmou que o resultado
das análises possibilitará uma
interpretação comparativa entre
os resíduos detectados e o defensivo
registrado no Brasil, estabelecendo um meio
de comunicação com permissionários,
produtores e autoridades e permitindo comparações
com os limites de resíduos internacionalmente
aceitos. “Quando investimos neste projeto,
estávamos cientes de que seria a mais
eficiente resposta sobre a qualidade de produtos
frescos, produzidos sob a proteção
de defensivos agrícolas, em âmbito
nacional”, comentou.
Segundo a Ceagesp e a Andef,
a partir das informações do
Sirah, é possível estabelecer
o melhor foco para regularizar a utilização
de agrotóxicos para cada cultura. Os
resultados dos últimos onze anos revelam
a ausência de resíduos agrotóxicos
em cerca de 70% das frutas e hortaliças
analisadas.
Em 916 amostras foram detectadas
1.068 ocorrências de resíduos,
das quais 50% estavam abaixo da tolerância,
4,5% acima e 45,5% de agrotóxicos não
registrados para as culturas nas quais foram
detectados. “Pode-se assegurar que a garantia
de inocuidade à saúde alcança
85% das amostras analisadas e esse índice
é ainda maior se levarmos em conta
os parâmetros admitidos internacionalmente
para agrotóxicos sem tolerância
estabelecida no Brasil”, destaca a nota conjunta
da Ceagesp e da Andef.
Ao longo de 27 anos, a
Ceagesp investiu no monitoramento de resíduos
de agrotóxico nas frutas e hortaliças
comercializadas no Entreposto de Vila Leopoldina
– um dos maiores do mundo, com a comercialização
de 10 mil toneladas de hortícolas por
dia. Um dos principais problemas apontados
pelo resultado de análises de produtos
originários de centenas de municípios
brasileiros é a detecção
de agrotóxicos sem registro.
A partir do trabalho de
monitoramento realizado pela Ceagesp, a Câmara
Setorial de Hortaliças da Secretaria
de Agricultura do Estado de São Paulo
criou, em 1998, um grupo de trabalho que propôs
mudanças na legislação
de agrotóxicos. O Ministério
da Agricultura estuda a alteração.
A expectativa é que
com o lançamento do programa seja possível
estruturar uma rede nacional de monitoramento,
agregando os resultados de outras fontes ao
modelo Siran. Também será possível
dar mais apoio aos produtores no processo
de regularização do registro
de agrotóxicos.