Estado protege 50%
de seu território em parques, terras
indígenas e reservas de uso sustentável
Curitiba, 27 de março
de 2006 — A Secretaria de Estado do Meio Ambiente
e Desenvolvimento Sustentável (SDS)
do Amazonas anunciou hoje a criação
de cinco unidades de conservação
estaduais: uma de proteção integral
e quatro de uso sustentável. O anúncio
foi feito durante evento promovido esta tarde
pela ONG Conservação Internacional
(CI-Brasil), Embaixada Britânica e Governo
do Amazonas, na 8ª Conferência
da Partes (COP8) da Convenção
sobre a Diversidade Biológica (CDB).
Com os 2,4 milhões
de hectares de novas unidades de conservação,
o Amazonas passa a proteger 50% de seu território
e o governo Eduardo Braga atinge a meta de
conservação de seu mandato,
a proteção de 10,5 milhões
de hectares de Amazônia.
“Hoje o Brasil conta com
53 milhões de hectares de reservas
estaduais. O compromisso do Amazonas com as
novas cinco áreas é substancial.
Representa um incremento de mais de 4,5% em
toda a área de unidades de conservação
estaduais no país,” comenta José
Maria Cardoso da Silva, vice presidente de
Ciência da CI-Brasil.
A iniciativa atende às
demandas das comunidades da região,
que já passaram pelo processo de consultas
públicas e aprovaram a criação
das reservas. Uma delas é a Reserva
Extrativista do rio Gregório, no município
de Eirunepé e Ipixuna, com 462 mil
hectares. A outra é a Reserva de Desenvolvimento
Sustentável Juma, no município
de Novo Aripuanã, com 560 mil hectares.
Ambas as áreas estão sob forte
pressão de grileiros e madeireiros
ilegais do Amazonas.
O governo estadual também
está definindo os limites de um mosaico
de três outras áreas, no centro-sul
do estado em Matupiri-Igapó-Açú,
onde há muita influência da rodovia
BR-319, nos municípios de Manicoré,
Novo Aripuanã, Borba e Beruri. As três
reservas do mosaico totalizam 1,4 milhão
de hectares.
Essas unidades de conservação
vão beneficiar diretamente as populações
tradicionais e a biodiversidade amazônica.
As reservas terão apoio de várias
organizações que integram a
Rede de Conservação do Amazonas,
lançada recentemente pela SDS.
Para o governador do estado,
Eduardo Braga, mais do que a conservação
da natureza, as novas unidades são
um tributo ao desenvolvimento do homem do
interior. “Este marco histórico reforça
o compromisso do governo do Amazonas, por
intermédio do programa Zona Franca
Verde, com a conservação da
biodiversidade e a garantia dos direitos das
populações tradicionais, reforçando
as ações de desenvolvimento
sustentável na Amazônia”.
Mais de 180 famílias
serão beneficiadas com a implantação
da unidade do rio Gregório. No total,
1.077 pessoas que hoje trabalham com agricultura
de subsistência, em roçados de
dois a três hectares, receberão
incentivos para o extrativismo sustentável.
Isso já vem acontecendo no caso de
produtos como andiroba, copaíba, cipó
ambé, cipó titica, fibra de
arumã e jarina em outras áreas
de uso sustentável.
Além da reserva do
rio Gregório, as demais áreas
também serão beneficiadas com
ações de desenvolvimento sustentável
do Programa Zona Franca Verde. “Esse é
um passo importante na conservação
da biodiversidade,” diz Virgílio Viana,
Secretário do Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável do Amazonas. “Foram detectadas
na região espécies endêmicas
e vulneráveis, assim como espécies
potencialmente novas para a ciência,
formações vegetais únicas
e extensas campinas e campinaranas. Além
disso, há um, grande número
de nascentes e forte potencial para ecoturismo,
inclusive turismo ornitológico e educativo.
Viana informa que os decretos
das próximas unidades vão ser
assinados em breve, em cerimônia no
Estado. “Este trabalho é fruto de uma
série de estudos técnicos rigorosos
e um processo participativo de consultas públicas
que conseguiram construir um amplo consenso
local e regional em torno da conservação
da biodiversidade”, disse Viana.
LANÇAMENTOS
Durante o evento no qual
foram anunciadas as novas áreas, foram
lançados vários materiais sobre
a Reserva de Desenvolvimento Sustentável
Cujubim, incluindo uma cartilha, um website
e um blog sobre as expedições
científicas que acontecem neste momento
em Cujubim. Esses materiais foram produzidos
no escopo de um projeto apoiado pela Embaixada
Britânica.
Outras informações
podem ser encontradas no www.cujubim.com.br
e nas publicações lançadas
pela SDS no mesmo evento: “Indicadores de
Efetividade da Implementação
de Unidades de Conservação Estaduais
do Amazonas” e “As Florestas e o desenvolvimento
Sustentável na Amazônia”.
Os convidados participaram
de uma degustação de pirarucu,
peixe da Amazônia, fruto do manejo de
lagos do Amazonas pelas comunidades da RDS
Mamirauá. O pirarucu está sendo
comercializado por uma grande rede de supermercados
em 172 lojas em todo o Brasil.
NOVAS UNIDADES DE
CONSERVAÇÃO DO AMAZONAS
RDS Juma - 590 mil hectares
- Novo Aripuanã - Localizada na área
de maior diversidade biológica do planeta.
Grande número de nascentes. 11 comunidades
RESEX Gregório -
462 mil hectares Eirunepé e Ipixuna
Grande diversidade biológica. Alto
nível de conservação.
181 famílias
Mosaico Matupiri-Igapó-Açú
- Uso Sustentável I (458,9 mil hectares)
Uso Sustentável II (268,6 mil hectares)
e Proteção Integral (745,9 mil
hectares) -Manicoré, Novo Aripuanã,
Borba e Beruri - Grande potencial extrativista,
com abundância de espécies de
valor econômico - várias espécies
novas de animais. Presença de populações
importantes de espécies ameaçadas
de extinção. 26 comunidades
480 famílias.