28/03/2006 - Curitiba
- Cerca de 2 mil crianças de oito países,
com idade de 6 a 13 anos, desfilaram hoje
(28) pelas ruas da capital paranaense fantasias
de onças, pássaros, baleias,
borboletas e árvores, levando globos
terrestres e faixas pela preservação
da vida.
Ao som de tambores e cavaquinhos,
elas cantaram o Samba pela Vida, cuja letra
foi entregue à ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva: "Nosso sonho é ver
as florestas no lugar, ver para sempre o uso
sustentável dessa herança milenar.
Cantamos hoje pra depois ninguém chorar,
para convencer governos, mentes, corações
que sem vontade e grana não vamos deixar
biodiversidade pras futuras gerações".
O desfile terminou na praça
em frente ao Estação Embratel
Convention Center, onde se realiza o segmento
ministerial de alto nível da 8ª
Conferência das Partes da Convenção
Sobre Diversidade Biológica (COP8).
Antes de a ministra contar
um pouco de sua história de vida à
garotada, a filha dela de 16 anos, Moara Silva
Vaz Lima, mandou um recado aos jovens – a
grande maioria, moradores da periferia de
Curtiba que participam de um projeto para
crianças carentes da Universidade Livre
de Meio Ambiente. "Desde quando eu era
pequeninha, minha mãe sempre foi preocupada
com o meio ambiente e, por causa disso, ela
vivia viajando e eu morria de saudade dela.
Eu vejo que hoje tudo isso valeu a pena. Que
vocês são sementes que um dia
vão gerar árvores e dar frutos
maravilhosos. Parabéns", discursou
Moara, do alto do caminhão de som do
Greenpeace.
Para Marina Silva, a "passeata
infantil" foi uma demonstração
de que eles também se convenceram da
necessidade de proteger o meio ambiente. "Nós
não temos o direito de causar prejuízos
para gerações que ainda nem
nasceram. Por isso, como ministra do Meio
Ambiente, estou muito agradecida de ver hoje
vocês lutando pelo futuro, de ter a
minha filha também lutando pelo futuro
e, mais do que isso, dizendo que valeram a
pena os momentos de saudade", afirmou.
A ministra contou
ainda que aprendeu a amar e a respeitar a
natureza ainda criança, quando vivia
na floresta amazônica e viu jorrar seiva,
"feito sangue", de uma árvore
"machucada" pelo pai, que era seringueiro.
"Quando ele saiu, eu peguei o galho,
molhei no barro, botei no lugar do ferimento
do machado e falei para aquela árvore:
você não precisa mais sentir
dor, não precisa mais gemer, eu estou
passando remédio na sua ferida. Aquilo
foi algo muito forte para mim. De alguma forma,
aquele gesto, naquele dia, me fez compreender
que a natureza espera que nós, seres
humanos, tenhamos respeito pelas outras formas
de vida", lembrou. E pediu às
crianças: "Não permitam
que esta seiva verde que está no coração
de vocês venha a secar. Ela irriga os
sonhos, as esperanças e os sentimentos
mais profundos de um mundo melhor".