Kiribati anuncia
criação de 18,5 milhões
de hectares de áreas protegidas em
arquipélago de recifes de corais
Curitiba, 28 de março de 2006 —
Uma pequena nação formada por
33 ilhas no oceano Pacífico destacou-se
hoje na Oitava Conferência das Partes
(COP8) da Convenção sobre Diversidade
Biológica com o anúncio da criação
da terceira maior área marinha protegida
do mundo. Com este passo, a República
de Kiribati passa a conservar um arquipélago
que abriga uns dos corais de recifes mais
deslumbrantes do planeta.
Martin Tofinga, ministro
do Meio Ambiente e Desenvolvimento Agrário
da República de Kiribati, na Micronésia,
anunciou a criação da Área
Protegida das Ilhas Phoenix em Curitiba, durante
uma reunião que contou com a presença
de vários ministros e chefes de governo.
Com oito atóis e
dois sistemas de recifes submersos, a Área
Protegida das Ilhas Phoenix, praticamente
inabitada, é a maior área marinha
protegida nas Ilhas do Pacífico. Com
18,5 milhões de hectares, sua área
equivale a duas vezes o território
de Portugal. A região abriga um arquipélago
de corais bem preservados, com abundante vida
marinha e grande presença de aves.
Trata-se da primeira área marinha protegida
na região, que inclui montanhas submarinas.
Localizadas próximo
à linha do Equador, no Pacífico
Central, entre o Havaí e Fiji, as ilhas
Phoenix formam um arquipélago com centenas
de quilômetros de extensão. Elas
compõem a República de Kiribati
que compreende três grupos de ilhas:
Gilbert, Phoenix e Line. Kiribati é
o país que mais contém atóis
no mundo.
O presidente de Kiribati,
Anote Tong, disse que a criação
da Área Protegida das Ilhas Phoenix
garante à população local
o benefício de desfrutar da riqueza
da vida oceânica da região. “Se
os corais e os recifes são protegidos,
os peixes poderão continuar a se reproduzir
com abundância”, declarou o Presidente
Tong. “Dessa forma, todas as espécies
de peixe podem ser protegidas, garantindo
que nenhuma seja ameaçada ou até
mesmo extinta”.
Pesquisa e conservação
- A república de Kiribati e o Aquário
de New England desenvolveram o projeto de
proteção das ilhas Phoenix durante
os últimos anos, a partir de pesquisas
e debates científicos e graças
ao financiamento e a assistência técnica
do Fundo Global para Conservação,
da organização Conservação
Internacional (CI) e, mais recentemente, do
seu programa das Ilhas do Pacífico.
Três expedições
científicas coordenadas pelo Aquário
de New England, realizadas a partir do ano
2000, revelaram uma grande biodiversidade
marinha, incluindo mais de 120 espécies
de corais e 520 espécies de peixe,
algumas até então desconhecidas
para a ciência. Populações
de aves marinhas, peixes saudáveis,
assim como a presença de tartarugas
marinhas e outras espécies, comprovam
o bom estado de conservação
da natureza na região e a importância
da área como via migratória.
“Trata-se de uma impressionante
região natural marinha, a mais bonita
que eu já conheci. As Ilhas Phoenix
tiveram pouco impacto da ação
humana e esse importante ato de conservação
por parte do governo de Kiribati irá
proteger a área de ameaças futuras,
como sobrexplotação pesqueira
e irá contribuir também para
a diminuição das mudanças
climáticas”, disse Greg Stone, o vice-presidente
dos Programas Marinhos do Aquário New
England, em Boston.
Proteger as Ilhas Phoenix
significa restringir a pesca comercial na
área e, em conseqüência,
reduzir a renda que essa atividade geraria
ao governo de Kiribati, por meio da emissão
de licenças internacionais para a pesca
comercial. Entretanto, um plano inovador poderá
compensar Kiribati por essa perda.
Um termo de cooperação
assinado pela República de Kiribati,
o Aquário New England e a Conservação
Internacional estabelece que o manejo e a
fiscalização da Área
Protegida das Ilhas Phoenix serão financiados
por um fundo que cobrirá os custos
de administração e compensará
o governo de Kiribati pela perda dos rendimentos
advindos das licenças de pesca comercial.
O projeto permite a pesca de subsistência
por parte das comunidades locais e outras
oportunidades de desenvolvimento sustentável,
em algumas zonas específicas.
Com a criação
da área protegida, a República
de Kiribati deu um importante passo em direção
às metas de 2010 da Convenção
sobre Diversidade Biológica e do Programa
de Trabalho da Diversidade Biológica
das Ilhas Oceânicas.
“O anúncio representa
um grande marco para os esforços de
conservação marinha no Pacífico
e para a proteção da biodiversidade
das ilhas” declarou o presidente da CI, Russell
A. Mittermeier. “A República de Kiribati
demonstrou ter uma visão pioneira e
de longo prazo para a conservação
de sua valiosa diversidade marinha. Estamos
orgulhosos de fazer parte desse projeto”.