30/03/2006 - Depois de
criar três Unidades de Conservação
(Ucs) para proteção das matas
de araucária no Paraná, este
mês de março, o Ministério
do Meio Ambiente quer implantar um corredor
entre estas áreas e outras quatro existentes
em Santa Catarina. O objetivo é recuperar
a variabilidade genética da Floresta
Ombrófila Mista, que faz parte da Mata
Atlântica e chegou a cobrir 200 mil
quilômetros quadrados do território
brasileiro. Hoje está reduzida a menos
de 1%.
A idéia foi apresentada nesta quinta-feira
(30) pelo diretor do Programa Nacional de
Conservação da Biodiversidade,
Paulo Kageyama, durante a 8ª Conferência
das Partes da Convenção sobre
Diversidade Biológica (COP-8). Pela
proposta, o corredor de fluxo gênico
teria 200 km, ligando as regiões de
Abelardo Luz (SC) e Ponta Grossa (PR). O custo
estimado de implantação é
de R$ 1 milhão.
"O corredor seria do tipo stepping stone,
ou seja, em trampolins, com pequenas áreas
ao longo do trajeto, todas com material genético
bem definido. O modelo é propício
para as araucárias em função
destas terem polinização realizada
pelo vento", explica Kageyama. A iniciativa
ajudaria a recuperar a variabilidade também
de outras plantas, como, por exemplo, a imbuia,
a canela-preta, a erva-mate, o bambu e diversas
herbáceas.
A intensa exploração da araucária,
cuja madeira é muito apreciada pela
leveza e perfeição e chegou
a estar no topo da lista das exportações
brasileiras nas décadas de 50 e 60,
levou essa espécie - e por conseqüência
seu ecossistema - à beira da extinção.
Mesmo assim o comércio da madeira não
parou. O biólogo João de Deus
Medeiros, professor da Universidade Federal
de Santa Catarina (UFSC) afirma que o metro
cúbico da madeira chega a ser vendido
hoje a U$ 700. E o que é pior: de forma
legal. Ele defende que a espécie seja
colocada na lista da Convenção
para o Comércio Internacional de Espécies
Ameaçadas (CITES), o que inibiria sua
venda. "Enquanto não houver uma
medida restritiva para o comércio,
com punições graves, a destruição
não vai parar", conclui.