Diagnóstico
detalha áreas na Serra do Espinhaço
com base em ferramentas de modelagem que utilizam
critério de “insubstituibilidade”,
indicado na COP7
Curitiba, 27 de março
de 2006 — Para manter a rica biodiversidade
da Serra do Espinhaço, é preciso
ampliar as Unidades de Conservação
existentes na região. Essa é
uma das principais recomendações
do primeiro mapeamento já realizado
sobre a Cadeia do Espinhaço, que reuniu
em meados desse mês mais de 40 especialistas.
O estudo fornece subsídios, até
então inexistentes, para a conservação
do complexo montanhoso, divisor dos hotspots
mundiais da Mata Atlântica e do Cerrado
(áreas de maior diversidade biológica
e mais ameaçadas do planeta).
Com cerca de mil quilômetros
de norte a sul que cobrem parte dos estados
de Minas Gerais e Bahia, o Espinhaço
abriga uma biodiversidade única, sendo
uma das regiões brasileiras mais ricas
em endemismos. Como resultado de três
dias de trabalho, foram definidas quinze áreas
prioritárias e feitas recomendações
para a efetiva proteção desse
patrimônio natural.
No modelo de diagnóstico
empregado no Espinhaço, o Cerrado toma
a dianteira na aplicação de
uma das recomendações da COP7,
a de que todos os países realizem análises
das lacunas de proteção de espécies
ameaçadas de extinção
e passem a adotar o conceito de áreas
insubstituíveis até 2006. O
termo indica aquelas regiões que são
únicas no planeta em termos de biodiversidade
e cuja conservação torna-se
fundamental. Desta forma, a revisão
da situação de áreas
protegidas e a criação de unidades
será embasada por um planejamento sistemático
e estratégico. “Essa é, possivelmente,
uma das áreas do Cerrado com maior
número de áreas insubstituíveis”,
estima Ricardo Machado, diretor do Programa
Cerrado da organização não-governamental
Conservação Internacional (CI-Brasil).
Machado explica que a ferramenta
melhora a tomada de decisão, pois elimina
a subjetividade na definição
da importância das áreas, bem
como cruza as diversas informações
estatísticas de diferentes estudos,
indicando qual o melhor cenário de
conservação para o Espinhaço.
“Os próximos passos incluem a captação
de recursos para as ações indicadas,
a ampliação das parcerias com
universidades e com os setores governamental
e empresarial, e a criação de
um acesso à base de dados na internet”.
Proteção da
Biodiversidade - A elevada diversidade e endemismo
de espécies de flora nas cangas - vegetação
que cresce sobre os campos ferruginosos -,
do Quadrilátero Ferrífero, em
Minas Gerais, tornam essa uma das áreas
consideradas insubstituíveis da Serra
do Espinhaço. Para protegê-la,
recomenda-se anexar a Serra da Calçada
ao Parque Estadual Serra do Rola Moça,
e a criação de uma Unidade de
Conservação de Proteção
Integral na Serra da Moeda. A pesquisadora
em biodiversidade do Instituto Biotrópicos,
Maíra Figueiredo Goulart, salienta
que muitas espécies de orquídeas
terrestres, bromélias, gramíneas
e arbustos ocorrem apenas na canga e em nenhum
outro local do mundo. “Se esta área
continuar a ser destruída, boa parte
da sua biodiversidade estará perdida
para sempre”, alerta, observando que os campos
ferruginosos são formações
muito raras fora do Quadrilátero Ferrífero.
Áreas insubstituíveis
- Além do Quadrilátero Ferrífero,
são também áreas insubstituíveis
o Parque Nacional da Serra do Cipó
e toda a região de entorno; a Serra
do Cabral; a região de Diamantina,
abrangendo o Parque Nacional Sempre Vivas
e o Parque Estadual do Rio Preto; o Espinhaço
do Norte de Minas - região de Grão
Mogol e Itacambira -, e na Bahia, a região
da Chapada Diamantina e Parque Morro do Chapéu.
Para a definição
dessas áreas, os participantes do Workshop
tiveram como apoio um banco de dados com 5,9
mil espécies de plantas e animais,
gerado a partir de diferentes estudos. Os
participantes criaram mapas detalhados desse
patrimônio natural: o estado de conservação
de grupos de fauna e flora, a sua distribuição,
as ameaças potenciais, o grau de proteção
atual e a análise de custo-benefício.
O Estudo integra o projeto
Espinhaço Sempre Vivo, desenvolvido
pelas organizações não-governamentais
Instituto Biotrópicos e Fundação
Biodiversitas, com o apoio da Conservação
Internacional (CI-Brasil). Trata-se do primeiro
investimento na área após o
reconhecimento da porção mineira
como Reserva da Biosfera, pela Unesco, em
junho do ano passado.
A Conservação
Internacional (CI) foi fundada em 1987 com
o objetivo de conservar o patrimônio
natural do planeta - nossa biodiversidade
global - e demonstrar que as sociedades humanas
são capazes de viver em harmonia com
a natureza. Como uma organização
não-governamental global, a CI atua
em mais de 40 países, em quatro continentes.
A organização utiliza uma variedade
de ferramentas científicas, econômicas
e de conscientização ambiental,
além de estratégias que ajudam
na identificação de alternativas
que não prejudiquem o meio ambiente.
A Conservação Internacional
tem sede em Belo Horizonte-MG. Outros escritórios
estão estrategicamente localizados
em Brasília-DF, Belém-PA, Campo
Grande-MS e Salvador-BA. Para mais informações
sobre os programas da CI no Brasil, visite
www.conservacao.org
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Criado em 2003, o Instituto
Biotrópicos de Pesquisa em Vida Silvestre
é uma ONG ambientalista com sede em
Belo Horizonte, que tem como objetivo produzir
e difundir conhecimentos sobre a diversidade
biológica buscando o desenvolvimento
científico, a formação
sócio-cultural e a conservação
da natureza. A Biotrópicos conta com
um grupo de pesquisadores especialistas em
diferentes áreas, que atuam principalmente
na elaboração e execução
de projetos de pesquisa que buscam o conhecimento
da biodiversidade e a sua conservação.
Atualmente a ONG possui dois programas denominados
Os Gerais e Espinhaço, que representam
o conjunto de ações que vem
sendo executadas nas respectivas regiões
em Minas Gerais, auxiliando a condução
de diretrizes de políticas públicas
a favor da conservação de patrimônios
naturais. Mais informações no
site www.biotropicos.org.br
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Sediada em Belo Horizonte/MG,
a Biodiversitas é uma organização
não-governamental, sem fins lucrativos,
de caráter técnico-científico,
que tem como objetivo a proteção
do meio ambiente e a conservação
da diversidade biológica brasileira.
Suas ações abrangem pesquisas
sobre espécies da fauna, flora e ecossistemas
brasileiros; identificação de
espécies ameaçadas de extinção
e áreas prioritárias para conservação
de biodiversidade; criação e
manejo de unidades de conservação;
planejamento ambiental; educação
ambiental; e sistemas de informação
geográfica. Conciliando conservação
e desenvolvimento, a Biodiversitas destaca-se
mundialmente na elaboração e
execução de projetos com enfoque
interdisciplinar, centrados, principalmente,
nas interações entre o meio
ambiente e a população, através
de estudos de aspectos demográficos
e econômicos. Acesse www.biodiversitas.org.br