28/03/2006 - Uma
das primeiras - e principais - medidas a serem
tomadas na busca pela formulação
de projetos de conservação adequados
para cada espécie de animal, é
conhecer, cientificamente, o universo a ser
trabalhado. E foi isso o que José Moacir
Ribeiro, pesquisador do Instituto Nacional
de Pesquisas da Amazônia (Inpa), vinculado
ao Ministério da Ciência e Tecnologia,
se propôs a fazer, ao desenvolver um
projeto que teve como objetivo catalogar a
essência de qualquer coleção
científica: os tipos.
Tipos ou espécimes-tipo
são exemplares, estruturas (asas, pernas,
parte do corpo em geral), ou mesmo trabalhos
baseados em descrições de uma
espécie de animal. É a peça-chave
de qualquer acervo, pois é a prova
concreta e conservada da existência
de um animal com determinadas características
que lhe são peculiares. Cada tipo representa
um animal que foi classificado e catalogado.
Sem esse registro, seria impossível
estipular quantas espécies existem
na Amazônia e quantas já foram
descobertas.
O primeiro tipo (exemplar)
a ser descoberto e identificado será
o que designará a espécie, e
é chamado de holótipo. As patentes
serão aplicadas nesse exemplar número
1. Os demais, mesmo que iguais ao primeiro,
ocuparão uma segunda categoria. De
acordo com o pesquisador, os holótipos
são escolhidos seguindo alguns critérios,
e o principal deles é o estado em que
se encontra o exemplar. Os preferidos serão
aqueles que estiverem em perfeito estado,
situação que nem sempre é
presenciada pelos cientistas, que muitas vezes
deparam-se com materiais em precárias
condições.
A pesquisa é desenvolvida
pelo Programa de Capacitação
Institucional (PCI/Inpa) e recebe financiamento
do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq/MCT). Teve início
em 2004, com duração de dois
anos. Os resultados finais já serão
apresentados em abril desse ano. O universo
de trabalho de José Moacir Ribeiro
abrangeu somente a Coleção de
Invertebrados do Inpa, da qual, são
estudados e catalogados somente os insetos-tipo.
Para se ter uma idéia da dimensão
do acervo, existem aproximadamente 300 mil
insetos alfinetados (conservados com uso de
produto químico) e 5 milhões
acondicionados em álcool (não
tipos). E esse número está sempre
em ascensão. A cada pesquisa de campo,
novos exemplares vão sendo descobertos,
estudados e armazenados na coleção.
“A minha pesquisa está
incluída em um sub-projeto do Instituto
chamado ‘Manutenção, análise,
aplicação e disseminação
da coleção de insetos do Inpa’.
Com as informações geradas nele,
será possível fornecer elementos
para a elaboração de inventários,
catálogos, manuais etc.”, explica Ribeiro
ressaltando que com a destruição
do meio ambiente, as coleções
científicas acabam transformando-se
em centros de documentação de
interesse mundial.