Em três casos, a contaminação
ocorreu em variedades locais de milho, também
conhecidas como sementes crioulas, selecionadas
durante anos, que não podem mais ser
usadas para plantio futuro. As contaminações
ocasionaram prejuízos econômicos
sérios para os agricultores, que não
puderam mais vender seu produto com o prêmio
pago a produtos convencionais e orgânicos.
“Esse relatório é um alerta
para a Europa sobre os perigos da produção
transgênica,” disse Geert Ritsema, coordenador
da campanha de transgênicos do Greenpeace
Internacional. “Apesar da garantia do governo
espanhol de que restrições e
controles iriam garantir a segurança
e a escolha de consumidores e agricultores,
na realidade isso não aconteceu”, afirmou.
Segundo testemunhos de agricultores espanhóis,
a indústria de transgênicos representa
agora a maior ameaça ao seu sustento,
especialmente nas regiões de Aragón
e da Catalunha, onde o milho transgênico
é cultivado em grande escala.
“A falta de regulamentação
na Espanha é um tapa na cara dos agricultores
orgânicos e convencionais que têm
dado sangue, suor e lágrimas aos seus
negócios e agora vêem os interesses
de grandes empresas de biotecnologia, como
Syngenta e Monsanto, serem colocados acima
das comunidades locais e arruinando seu sustento”,
disse Antonio Ruiz, presidente do Comitê
de Agricultores de Orgânicos de Aragón,
que esteve na entrevista coletiva do Greenpeace
em Viena.
O Greenpeace exige que as autoridades espanholas
suspendam imediatamente o cultivo de milho
transgênico no país e que a União
Européia e a Comissão Européia
determinem o fim do cultivo transgênico
nos outros países do bloco. “A experiência
espanhola mostra que a coexistência
de transgênicos e não-transgênicos
é uma mentira, e os ministros europeus
devem levar isso em conta”, disse Ritsema.