06/04/2006
- Brasília – É impossível
cumprir a meta de recolhimento de pneus estabelecida
pela Resolução n.º 258,
do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama).
Existe um problema de logística e uma
quantidade de pneus inservíveis que
é incompatível com o que o Conama
estabeleceu".
A afirmação
foi feita no programa Diálogo Brasil,
pelo diretor-Geral da Associação
Nacional da Indústria de Pneumáticos
(Anip), Vilien Soares. Para ele, "o Conama
foi irrealista em sua exigência".
No estúdio da TV
Cultura, em São Paulo, Soares destacou
que, apesar dessa dificuldade, as indústrias
estão se esforçando para recolher
o máximo possível de pneus.
Ele lembrou que o projeto de lei que regulamenta
ações ambientais das empresas
de pneus, de autoria do senador Flávio
Arns (PT-PR), é "interessante",
ainda que não conocrde com a importação
de pneus usados. "Nós não
podemos concordar em ter que reformar pneus
utilizando pneus velhos lá de fora,
quando nós temos aqui no Brasil quantidades
suficientes".
O senador Flávio
Arns (PT - PR) explicou que "o projeto
proíbe a importação de
pneus usados para serem usados como de meia-vida,
mas permite a importação da
carcaça para que sirva de matéria
prima para a remoldagem" Segundo o senador,
a lei estabelece que para cada pneu importado
deverão ser destruídos dez inservíveis.
"A contrapartida ambiental
é tão severa, que inviabiliza
o negócio", afirmou. Ele disse
ainda, no estúdio da TV Nacional, em
Brasília, que o projeto quer envolver
as empresas na manutenção da
estrutura de reciclagem. O projeto está
em votação no Congresso Nacional.
No estúdio da TVE
Brasil, no Rio de Janeiro, o presidente da
Associação Brasileira da Indústria
de Pneus Remoldados (Abip), Francisco Simeão,
afirmou que as indústrias vêm
cumprindo as metas.
"Já recolhemos
cerca de 80% a mais do que seria a nossa obrigação".
Segundo ele, "os pneus remoldados custam,
em média, 40% ou 50% mais barato que
os de uma marca boa". Simeão disse
que da totalidade dos pneus, apenas 6,54%
são importados usados, e que o número
de pneus novos trazidos de fora é 40%
maior. "Será que a preocupação
é ambiental ou de mercado?"
Também no estúdio
da TV Nacional, Márcio Rosa Rodrigues
de Freitas, coordenador-geral de Controle
e Qualidade Ambiental do Instituto Brasileiro
de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) disse que o Brasil tem tradição
de reforma de pneus. Para ele, o maior problema
é o destino final para os pneus.
Freitas informou que só
há 27 empresas com autorização
do Ibama para destruir os pneus, a maior parte
delas localizada litoral e a maior dificuldade
é o transporte. Para ele, a reciclagem
nunca é completa. "Todas as utilizações
de pneus trazem problemas ambientais".
Os debates do Diálogo
Brasil são mediados pelo jornalista
Florestan Fernandes Júnior. O programa
é transmitido ao vivo para todo país,
sempre às quartas-feiras, das 22h30
às 23h30. Os telespectadores podem
participar enviando perguntas e sugestões
pelo e-mail dialogobrasil@radiobras.gov.br
e pelo telefone (61) 3327-4210.