01/04/2006
- Curitiba - O lançamento do Plano
de Combate ao Desmatamento da Mata Atlântica,
a assinatura da portaria que cria o Grupo
de Trabalho do Pampa e a adesão à
iniciativa global de espécies invasoras
estão entre os principais compromissos
assumidos pelo Brasil durante a 8ª Conferência
da Partes (COP-8) da Convenção
sobre Diversidade Biológica (CDB).
O encontro levou a Curitiba
delegados de 188 países com a missão
de discutir alternativas para reduzir a perda
de biodiversidade no mundo nos próximos
anos. Entende-se por biodiversidade a variedade
de vida na terra, constituída pelas
variedades inter-espécies, entre espécies
e de ecossistemas. Também refere-se
às relações entre os
seres vivos e o seu meio ambiente, conjunto
de plantas, animais, microrganismos e ecossistemas
que sobrevivem na natureza – estimado em mais
de 10 milhões de espécies.
A exemplo do que se faz
na Amazônia, o Ibama (Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis)
monitorará a Mata Atlântica por
satélite. O Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe) desenvolverá e fornecerá
imagens de desmatamentos, facilitando a intervenção
da fiscalização.
Ficou decidido que a execução
desse plano é urgente, uma vez que
restam apenas 7% da configuração
original do bioma. E mesmo que 93% da Mata
Atlântica tenham desaparecido, alguns
setores insistem em continuar desmatando.
Maior floresta tropical
do Brasil depois da Amazônia, a Mata
Atlântica é um dos cinco principais
biomas do planeta. Seus ecossistemas concentram
a maior biodiversidade de espécies
por hectare. São cerca de 10 mil espécies,
riqueza que fez com que a Unesco (Organização
das Nações Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura) declarasse esse
bioma Reserva da Biosfera e Patrimônio
da Humanidade.
O plano foi elaborado por
um grupo de trabalho do Ibama, com o apoio
do Ministério do Meio Ambiente e participação
da sociedade civil.
Um grupo de trabalho sobre
o pampa foi criado com o objetivo de estudar
e propor políticas voltadas para esse
bioma. Ele será composto por nove representantes
do governo federal, do governo do Rio Grande
do Sul e de prefeituras, e nove da sociedade
civil. Uma das organizações
não-governamentais convidadas foi o
Grupo Transdisciplinar de Estudos Ambientais
Maricá, O pampa é uma região
com grande biodiversidade: tem mais de três
mil espécies – 400 tipos de gramíneas,
350 tipos de árvores e 90 tipos de
mamíferos.
O levantamento do pampa
deverá estar concluído até
julho. Dos 700 mil quilômetros quadrados
do pampa, apenas 176 mil estão no Brasil
– 63% no Rio Grande do Sul. O restante fica
na Argentina e no Uruguai.
O Brasil comunicou, durante
a conferência, sua iniciativa de mapear
as espécies de animais e plantas exóticas
invasoras. De acordo com a ONU (Organização
das Nações Unidas), tais espécies
dão prejuízo de US$ 1,4 trilhão,
sendo a primeira causa da redução
de biodiversidade em ilhas e a segunda nas
demais regiões do mundo. Essas espécies
devoram 5% da economia global, conforme especialistas.
Entre os invasores estão principalmente
arbustos, aves, peixes, árvores, répteis,
anfíbios e vírus exóticos.
Poucos são os países que desenvolvem
programas de controle dessas pragas em larga
escala.