06/04/2006
O presidente da Fundação Nacional
do Índio (Funai), Mércio Pereira
Gomes, classificou de tragédia brasileira
a situação de índios
Guarani-Kaiowa que estão vivendo em
um acampamento localizado às margens
da BR-384, entre os municípios de Antônio
João e Bela Vista, no Mato Grosso do
Sul.
Os Guarani-Kaiowa foram
despejados da terra Nhanderu Marangatu em
15 de dezembro do ano passado, depois que
a presidente do Tribunal Regional Federal
de São Paulo (TRF-SP), desembargadora
Diva Prestes Marcondes Malerbi, concedeu liminar
de reintegração de posse a fazendeiros.
Em junho de 2005, a homologação
da área já havia sido suspensa
por liminar do então presidente do
Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Nelson
Jobim. A assessoria de imprensa do STF informou
que o julgamento do mérito da ação
pelo plenário ainda não tem
data marcada. O relator do processo é
o ministro Cezar Peluso.
O presidente da Funai pediu
que o STF decida a questão o mais rápido
possível. "O problema é
que às vezes demora demais a resolver,
então queremos muito que o ministro
que está atendendo a esse pleito, esse
caso tome uma decisão, ponha em julgamento,
como ministro relator, para que isso se resolva".
Mércio lembrou que
o processo de homologação da
terra indígena, de 9,3 mil hectares,
durou cerca de seis anos. Ele disse que a
retirada dos índios da região
trouxe uma série de problemas, como
a morte de quatro crianças.
"Esses índios
que foram retirados estão na beira
da estrada, estão passando por muitas
dificuldades, apesar de a Funai e a Funasa
(Fundação Nacional de Saúde)
estarem ali presentes, morreram já
quatro crianças por problemas de desnutrição,
do acomodamento em que estão. É
muito ruim para a gente ver isso".
O presidente da Funai deu
as declarações durante entrevista
coletiva às emissoras de rádio
da Radiobrás (rádios Nacional
AM de Brasília, Nacional do Rio de
Janeiro e Nacional da Amazônia). A entrevista
foi transmitida ao vivo por emissoras que
compõem a rede Nacional de Rádio
e contou com a participação
de jornalistas de nove emissoras parceiras.