Salvador
(06/04/2006) - A partir da próxima
semana o Ibama instaura uma sindicância
para apurar a participação do
servidor do Ibama Edílson Pereira dos
Santos e da ex-servidora Edna da Silva Piau,
nas denúncias de falsificação
de ATPF para transporte ilegal de carvão
para siderúrgicas de Minas Gerais.
Os dois servidores e o despachante
Aparecido Menezes estão recolhidos
desde as 14h30 de hoje numa cela da Superintendência
da Polícia Federal, em Salvador. A
previsão é de que mais quatro
despachantes – Ana Célia Coutinho Rocha
(Chinha), considerada a maior carvoeira e
dona de frota de caminhões de Bom Jesus
da Lapa, Alex Fabiano de Castro Cardoso, Lúcio
César Guimarães Castro e Alison
Gonçalvez Carvalho, que aparece nos
documentos pessoais também com nome
de Alison Cavalcanti de Souza, igualmente
presos na operação, cheguem
a Salvador hoje, às 16 horas, onde
ficarão em reclusão junto com
outros três.
A sindicância dos
dois servidores do Ibama será realizada
pela Procuradoria Geral Especializada junto
ao Ibama (Proge) e estará concluída
em 30 dias. Os autos serão encaminhados
à Polícia Federal e ao Ministério
Público para apuração
da responsabilidade criminal. O servidor e
a ex-servidora poderão ser punidos
com pena de reclusão pelos crimes combinados
de formação de quadrilha, falsificação
de documentos públicos, falsidade ideológica,
corrupção e demais crimes previstos
na Lei 9.605/98 - Lei de Crimes Ambientais.
Paralelamente a PF investigará
os envolvidos por meio de inquérito.
O auditor chefe do Ibama, Henrique Barros,
informou que foram apreendidas mais de 250
ATPFs falsas só na cidade de Barreiras
(BA), além da quantia de R$ 13 mil,
que estava na residência de Edílson
Pereira dos Santos. Segundo o auditor a quadrilha
transportava cerca de 15 mil metros cúbicos
de carvão por dia, o equivalente a
2,5 mil campos de futebol de mata nativa.
A quadrilha cobrava R$ 1 mil por cada ATPF
falsa. O auditor do Ibama acredita que os
R$ 13 mil encontrados na residência
de Edílson sejam fruto do lucro obtido
com o crime, pois estavam separados em montantes
de R$ 1 mil. Na casa da ex-servidora Edna
da Silva Piau a polícia apreendeu dois
revólveres calibre 38 e uma carabina.
O Superintendente do Ibama
na Bahia, Julio Rocha, acrescenta que os envolvidos
também serão processados pelos
crimes de exploração do trabalho
infantil e trabalho escravo. A pena pode variar
de três a 10 anos de reclusão,
além de multa e pode culminar também
no afastamento do servidor Edílson
Pereira dos Santos dos quadros públicos
do Ibama, a exemplo do que já aconteceu
com a ex-servidora Edna da Silva Piau, que
foi exonerada pela Ministra do Meio Ambiente
Marina Silva por improbidade administrativa.
Até as 15 horas de
hoje o Ibama e a Polícia Federal não
haviam localizado cinco outros membros da
quadrilha. De posse dos mandados de busca
e apreensão, Ibama e PF recolheram
documentos e os R$ 13 mil em dinheiro na residência
de Edílson Pereira dos Santos, e que
se encontram agora na PF.