O texto está na Comissão Especial
do Cerrado, criada há dois anos na
Câmara dos Deputados, mas emperrada
pela bancada ruralista. A primeira reunião
da Conacer será nesta quarta-feira,
na sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama)
O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro,
localizado em uma grande área do Brasil
Central. Com cerca de 2 milhões de
km², se estende em área contínua
por 11 estados brasileiros: Bahia, Distrito
Federal, Goiás, Maranhão, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,
Paraná, Piauí, São Paulo
e Tocantins.
O bioma é formado por uma grande variedade
de ambientes, que abrigam enorme diversidade
de plantas e animais, muitos dos quais endêmicos
da região. Estima-se que na região
existam mais de 10 mil espécies vegetais,
uma grande variedade de vertebrados terrestres
e aquáticos e um elevado número
de invertebrados. Espécies ameaçadas
como a onça-pintada, o tatu-canastra,
o lobo-guará, a águia-cinzenta
e o cachorro-do-mato-vinagre, entre muitas
outras, ainda têm populações
significativas no Cerrado. Além disso,
o bioma funciona como uma grande "caixa
d'água" da América do Sul,
abrigando nascentes e cursos de água
que escoam para as bacias dos rios Amazonas,
Tocantins, Parnaíba, São Francisco,
Paraná e Paraguai.
Além dos aspectos ambientais, o Cerrado
tem grande importância social. Muitas
populações sobrevivem dele,
incluindo etnias indígenas e comunidades
quilombolas, que fazem parte do patrimônio
histórico e cultural brasileiro. Essas
comunidades exploram os recursos naturais
do bioma e detêm um conhecimento tradicional
da biodiversidade.
Apesar do seu tamanho e importância,
o Cerrado é um dos ambientes mais ameaçados
do mundo. Pesquisadores apontam que dos 204
milhões de hectares originais, cerca
de 55% já foram completamente destruídos
e a metade das áreas remanescentes
estão bastante alteradas, podendo não
mais servir aos propósitos de conservação
da biodiversidade.