07/04/2006 - Brasília
– O relatório "Comendo a Amazônia",
divulgado pela organização não-governamental
Greenpeace Internacional, aponta que, além
de devastar a floresta, o avanço na
produção de soja na Amazônia
impulsiona a exploração da mão-de-obra
escrava na região: moradores pobres
de áreas rurais e da periferia das
cidades são levados para áreas
remotas da Amazônia para trabalhar como
escravos em áreas de desmatamento ilegal.
"Os estados amazônicos
que se encontram na vanguarda da expansão
da soja também lideram as tristes estatísticas
brasileiras de trabalho escravo registrado
em fazendas, campos e em áreas de florestas",
diz a versão em português do
relatório. O avanço da produção
de soja, de acordo com o texto, também
prejudica populações indígenas
e comunidades tradicionais, forçadas
a deixar as terras onde vivem para ceder espaço
às plantações.
A poluição
resultante do uso intensivo de agrotóxicos
nas monoculturas de soja também traz
danos à população rural,
aponta o Greenpeace. Segundo a organização
ambientalista, "as vilãs da indústria
da soja brasileira" são três
multinacionais norte-americanas do setor do
agronegócio: a Cargill, a Bunge e a
Archer Daniels Midland (ADM).
As empresas as empresas
oferecem facilidades aos produtores, como
crédito e mercado garantido, "dando
incentivos e recursos para que eles comprem
e desmatem grandes extensões de terra
a fim de que a produção de soja
seja lucrativa".
Em relação
ao trabalho escravo, o estudo aponta a ligação
entre as multinacionais e fazendas que plantam
soja, explorando esse tipo de mão-de-obra.
Uma delas é a Fazenda Roncador, em
Querência, no Mato Grosso. De acordo
com o Greenpeace, entre 1998 e 2004, fiscais
do governo libertaram 215 trabalhadores que
viviam em regime de escravidão.
"Mesmo que os proprietários
da fazenda estejam sendo processados, a fazenda
Roncador continua plantando soja para o mercado.
Tanto a Cargill quanto a Bunge instalaram
operações em Querência
e a Bunge registrou exportações
da região em 2005", denuncia o
documento.