06/04/2006
- Brasília - A portaria que determina
a substituição das Autorizações
de Transporte de Produtos Florestais (ATPFs)
pelo Documento de Origem Florestal (DOF),
a partir de junho, foi elogiada por organizações
não-governamentais (ONGs) que lidam
com questões relacionadas ao meio ambiente.
"A necessidade de melhorar
o sistema de controle do fluxo da madeira
na Amazônia é uma prioridade
urgente", afirmou o responsável
pela Campanha da Amazônia do Greenpeace,
Marcelo Marquesine. "O sistema anterior
era muito propício à corrupção,
então, a aposentadoria dele veio tarde",
disse o coordenador de programas do Instituto
do Homem e Meio Ambiente da Amazônia
(Imazon), Beto Veríssimo.
Para Marquesine, a permanência
da ATPFs possibilitou que uma grande quantidade
de madeira ilegal fosse retirada da Amazônia.
Segundo o Greenpeace, em 2004, foram extraídos
24,3 milhões de m³ de madeira
cerrada e em lâmina da Amazônia.
Desse total, entre 60% e 80% eram ilegais.
No final de 2005, o presidente do Ibama, Marcus
Barros, chegou a dar uma declaração
dizendo que a quantidade de madeira ilegal
girava em torno de 90% de toda a madeira comercializada
vinda da Amazônia.
Segundo o engenheiro florestal
do Greenpeace, desde 2000, o Ibama tenta modificar
o sistema de ATPFs. Em 2003, teria sido discutido
um sistema baseado em dados de satélite,
mas que só serviria para grandes empresas.
No começo de 2005 começou-se
a discutir, o Documento de Origem Florestal
(DOF) que será implantado a partir
de junho.
"Esse sistema, o pouco
que nós vimos, realmente aprimora uma
série de quesitos, mas ele ainda não
está pronto. Nós duvidamos.
O Ibama anunciou que lançaria no começo
de janeiro de 2006, agora anuncia em junho,
e nós temos medo, porque é um
ano de mudança, um ano de campanha
eleitoral, de que mais uma vez o sistema não
seja substituído", afirmou Marquesine.
Beto Veríssimo, da
Imazon, acha que a mudança será
um passo importante para melhorar o sistema
de fiscalização da madeira ilegal.
Ele ressaltou, entretanto, que é necessário
que o fim das ATPFs seja combinado com outras
ações. "O problema básico
do sistema de controle florestal no Brasil
é que se quer controlar tudo, ou seja,
o que acontece na floresta e o transporte
da madeira até o porto. Geralmente
os outros países preferem concentrar
a preocupação na floresta para
evitar que aquela madeira seja tirada de forma
predatória ou ilegal", disse Veríssimo.
Para ele, a mudança
na forma de controlar o transporte de madeira
será eficiente para os caminhões
que passam nas rodovias e nos postos de fiscalização
regulares, mas não para os que procuram
rotas alternativas para transportar madeira
ilegalmente. "Eu acho que amplia a transparência,
tem o potencial de reduzir drasticamente a
madeira ilegal ,mas não de eliminar.
Precisa ter a combinação de
outras iniciativas. A gente precisa controlar
melhor a madeira que sai da floresta."