03/04/2006
- Brasília – Os movimentos e invasões
de áreas de pesquisa agrícola
são ações em defesa da
biodiversidade do país e a soberania
do Brasil. É o que afirma o coordenador
nacional da Via Campesina (aliança
internacional pela reforma agrária)
e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST), Roberto Baggio, sobre a invasão
do campo experimental e ilegal da multinacional
Syngenta Seeds, no Paraná, e a destruição
de instalações da empresa Aracruz,
no Rio Grande do Sul. Foram ações
praticadas no mês passado pela Via Campesina.
"A nossa preocupação
é com a presença dessas multinacionais,
elas ameaçam a biodiversidade, querem
dominar a agricultura, as sementes, o meio
ambiente e a alimentação",
afirmou Baggio. "Eles querem privatizar
os recursos naturais brasileiros, nossa natureza,
isso afeta diretamente a existência
de milhões de camponeses no Brasil,
principalmente os mais pobres, com pouca terra."
Na última sexta-feira
(31), o ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, afirmou que a Polícia
Federal vai atuar para evitar novas invasões
– que infringem a lei – dos trabalhadores
sem-terra em áreas de pesquisa agrícola.
O ministro recebeu, no mesmo dia, representantes
de entidades e empresários do setor
agrícola, que solicitaram medidas de
segurança para garantir a continuidade
das pesquisas.
Este ano, ações
promovidas por movimentos como Via Campesina
e Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST) destruíram laboratórios
de pesquisa de novas sementes e plantações.
Há 18 dias, o campo experimental da
multinacional de sementes Syngenta Seeds,
no oeste do Paraná, está ocupada
por movimentos ligados à Via Campesina.
No dia 8 de março, mulheres ligadas
à entidade invadiram e destruíram
as instalações da empresa de
celulose Aracruz, , onde eram realizados estudos
sobre espécies de eucalipto.
Baggio defendeu as ações
das mulheres camponeses no ataque à
Aracruz, no Rio Grande do Sul. "Os movimentos
continuarão a combater as multinacionais
em favor do povo brasileiro", afirmou.
"A Syngenta instalou-se
no Paraná em uma área de preservação
permanente, de forma irregular não
respeitando a legislação do
país", argumentou. "Nós
continuaremos a destruir toda a produção
ilegal e criminosa em locais impróprios",
adiantou. "Se o capital internacional
quer se instalar no país, deve respeitar
as normas, leis do governo federal e o povo
brasileiro. As ações são
para chamar a atenção do governo.
É preciso entender que as riquezas
naturais devem primeiramente atender ao povo
brasileiro."
Thomaz Bastos disse,
segundo a assessoria do Ministério
da Justiça, que o governo está
atento a essa questão.