13/04/2006 - Lucas do Rio
Verde (MT) – Cerca de uma semana depois da
pulverização de agrotóxicos
por uma aeronave, sobre a cidade de Lucas
do Rio Verde, dois especialistas chegaram
ao município para avaliar o impacto
do acidente ambiental. Wanderley Antonio Pignati,
mestre em saúde coletiva da Universidade
Federal de Mato Grosso (UFMT), e o engenheiro
agrônomo James Cabral da Federação
de Órgãos para Assistência
Social e Educacional (Fase), constataram os
danos causados pelo veneno e informaram aos
orgãos responsáveis pela vigilância
sanitária sobre o crime.
"Quando estivemos nos
órgãos municipais e estaduais,
expressarmos nossas preocupações.
Na época, tanto a Secretaria de Agricultura
e Meio Ambiente, como o Instituto de Defesa
Agropecuária do Estado do Mato Grosso
[responsável pela fiscalização
no estado] disseram que estão investigando
para achar os culpados por "aquele acidente
de deriva de agrotóxico, que ocorre
quase todos os anos sobre a cidade de Lucas
do Rio Verde. Mas neste ano foi muito sentido
pela população e plantas da
cidade. Foi fora do normal", relataram.
A notificação
incluia providências para conter o avanço
da intoxicação que passa pela
cadeia produtiva. Entre elas, as verduras
e legumes remanescentes da pulverização
não deveriam ser vendidas em feiras;
os venenos, como o Paraquat, não devem
ser pulverizados por avião; e que uma
investigação constante deve
ser feita na água para avaliar uma
possível contaminação.
A equipe de reportagem da
Radiobrás chegou a Lucas do Rio Verde
um mês após o acidente descrito
pelos dois especialistas da Universidade Federal
do Mato Grosso. O resultado ainda podia ser
visto por toda a cidade. As folhas novas das
plantas, que nasceram nos últimos 30
dias, não apresentam furos, necroses
e pedaços queimados como aquelas que
foram banhadas pela neblina de agrotóxico.
Isso exclui, segundo os especialistas, a possibilidade
de serem fungos que atacaram a vegetação.
A investigação
ainda não mostrou a dimensão
desta pulverização na cidade.
Os técnicos, contudo, questionam os
efeitos cumulativos na população.
"E nas pessoas? Onde estão as
folhas perfuradas pelo veneno?", comparou
o doutor Wanderley Antonio Pignati em entrevista
concedida à Agência Brasil em
Cuiabá, capital do Mato Grosso.