13/04/2006 - Em função
do ocorrido na última semana - quando
espécimes de mamíferos foram
apreendidos com um pesquisador no Aeroporto
Internacional de Belém (10/04) e no
Porto de Manaus (11/04) - e a fim de esclarecer
as acusações infundadas e errôneas
de prática de biopirataria e tráfico
de animais silvestres, a organização
ambientalista Conservação Internacional
(CI-Brasil) vem a público elucidar
algumas questões:
1 - A CI-Brasil, em parceria
com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente
e Desenvolvimento Sustentável (SDS)
do Governo do Amazonas, coordenou a I Expedição
Biológica à Reserva de Desenvolvimento
Sustentável (RDS) Cujubim, no município
de Jutaí, no Amazonas. O inventário
biológico decorrente da expedição,
que teve mais de 40 dias de duração,
é uma etapa fundamental para a consolidação
da recém-criada RDS do Cujubim. As
informações obtidas subsidiarão
a elaboração do plano de manejo
da RDS, no qual serão definidas as
estratégias para a consolidação
dessa unidade de conservação.
2 – O pesquisador brasileiro
André Ravetta, que integrou a equipe
da expedição à RDS do
Cujubim, foi autuado no dia 10 de abril ,
no aeroporto de Belém. Ele portava
licença para coleta e transporte dos
espécimes apreendidos. Entretanto,
por inexperiência, cometeu o erro de
transportar o material coletado diretamente
para o Museu Paraense Emílio Goeldi
(MPEG). Conforme a licença emitida
pelo Ibama de Manaus, o material deveria ter
sido primeiramente tombado na coleção
do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(INPA) para depois ser emprestado ou doado
ao MPEG.
3 - Os espécimes
apreendidos em 10/04 representam um subsídio
fundamental para a realização
de pesquisas científicas sérias
sobre a diversidade biológica da Amazônia.
Eles compõem a primeira coleção
de mamíferos advindos da região
da RDS do Cujubim, que até então
nunca havia sido visitada por qualquer cientista.
É, portanto, um patrimônio da
ciência brasileira que foi cuidadosamente
preparado pelos pesquisadores que participaram
da expedição.
4 - O estudo do material
apreendido, somado às informações
sobre outros indivíduos não
coletados, mas que foram observados durante
a expedição à RDS, permitirá
identificar as espécies de mamíferos
que ocorrem na região do rio Jutaí.
Alguns dos registros feitos na expedição
representam ampliação significativa
da distribuição geográfica
de espécies amazônicas, que anteriormente
eram conhecidas apenas de outras regiões.
Tais informações contribuirão
para o entendimento sobre a origem e distribuição
da diversidade biológica na Amazônia.
Há a possibilidade, por exemplo, de
que seja identificada uma ou mais espécies
novas entre os 17 “roedores” coletados.
5 - Os cerca de 100 espécimes
de mamíferos coletados representam
menos do que o número de indivíduos
de mamíferos que são perdidos
quando se desmata apenas um quilômetro
quadrado de floresta. Em apenas um ano, de
agosto de 2003 a agosto de 2004, foram derrubados
26 mil km2 de floresta na Amazônia.
Estima-se que esse desmatamento deva ter impactado
mais de 4,2 milhões de mamíferos.
6 - O material retido no
Porto de Manaus, pelo Ibama, em 11/04, também
decorrente da mesma expedição
científica, seria encaminhado diretamente
ao INPA. A suspeita de que o número
de espécimes coletados na expedição
à RDS do Cujubim fosse superior ao
número autorizado na licença
do IBAMA é equivocada. A licença
permite coletar até 10 indivíduos
de cada espécie por localidade. A apreensão
deve-se a uma avaliação errônea,
que desconsidera a dimensão da RDS
do Cujubim (área equivalente à
do estado de Sergipe) e parte do pressuposto
de que os animais coletados são originários
de uma única localidade. Apesar de
serem todos provenientes da RDS do Cujubim,
os animais foram coletados em quatro áreas
distintas dentro da reserva, distantes mais
de 40 km umas das outras. Assim, o número
de espécimes coletados é inferior
ao permitido na licença.