Brasília – A paraense
Antonia Melo, que faz parte da Coordenação
Estadual das Mulheres do Campo e da Cidade,
afirmou hoje (10) que a construção
do complexo de hidrelétricas de Belo
Monte, no rio Xingu, vai prejudicar as pessoas
que vivem à margem do rio, indígenas
e unidades de conservação ambientais.
Residente em Altamira, no
Pará, e militante de diversos movimentos
de defesa dos direitos da criança e
da mulher, Antonia recebeu na semana passada,
em Brasília, o Prêmio Nacional
de Direitos Humanos. É também
defensora do meio ambiente e dos direitos
dos povos indígenas que vivem na região
do Xingu. Atualmente, ela trabalha num projeto
contra a instalação do complexo
de Belo Monte.
Segundo Antonia, um projeto
como esse vai prejudicar todo o trabalho realizado
pelo governo federal, que criou unidades de
conservação e garantiu que tanto
as comunidades indígenas quanto extrativistas
e de pescadores, que utilizam a bacia do Xingu
diariamente, continuem na região. "Um
projeto desse, de construção
de barragens no rio, só viria colocar
em prejuízo a vida das pessoas que
moram na região do Xingu, que se tornaria
um caos".
Antonia, que tenta mobilizar
a sociedade e as comunidades indígenas
contra o projeto, está também
trabalhando junto ao Ministério Público
Federal. Ela informou que já foi inclusive
realizado um encontro entre índios
da região e representantes de outras
organizações contrárias
à obra. Após o encontro, foi
divulgada uma declaração contra
a construção das hidrelétricas.
Segundo Antonia, os índios
afirmam, na declaração, que
a construção do complexo de
usinas vai atingir suas terras e prejudicar
a atividade agrícola. "Eles estão
nos convidando para fazer uma grande aliança
de indígenas, de organizações
populares da região da Transamazônica
e demais moradores da reserva para realizar
uma grande mobilização",
informou.
Também receberam
o Prêmio Nacional de Direitos Humanos,
na 14ª Assembléia Nacional do
Movimento dos Direitos Humanos, o Comitê
Popular de Combate ao Trabalho Escravo e Degradante
do Norte e Nordeste Fluminense e as entidades
organizadoras da campanha "Quem não
deve não teme", que procura mobilizar
o estado da Bahia na fiscalização
das contas municipais.
O prêmio é
concedido a cada dois anos para ações
e experiências, personalidades e organizações
que tenham desenvolvido algum trabalho de
destaque na promoção e defesa
dos direitos humanos.