11/04/2006
- Curitiba – Quatro unidades de conservação
foram criadas pelo governo nos últimos
30 dias em florestas de araucárias
do Paraná. Na próxima semana,
um decreto presidencial deve passar para a
mesma categoria o Refúgio da Vida Silvestre
do Rio Tibagi, também na região
Sul.
De acordo com o coordenador
da força-tarefa das araucárias
do Ministério do Meio Ambiente, Maurício
Savi, essas unidades abrigam não só
animais e plantas em extinção
das florestas, mas também grutas com
pinturas rupestres.
O Refúgio da Vida
Silvestre do Rio Tibagi, por exemplo, é
o hábitat do papagaio-do-peito-roxo,
ameaçado de extinção.
Com cerca de 30 mil hectares, o refúgio
ainda possui os últimos remanescentes
de várzea em bom estado de conservação
e protege as nascentes do Rio Tibagi. Além
do papagaio-do-peito-roxo, a região
abriga o lobo-guará e o macuquinho
do brejo.
Outra unidade de conservação
recém-criada, a Reserva Biológica
das Perobas guarda em seus 8,1 mil hectares
o último fragmento desprotegido de
floresta estacional semidecidual, uma das
formações da mata atlântica.
"Nessa região, além da
peroba existem outras espécies ameaçadas
como o xaxim, a canela, a anta, a jaguatirica
e o puma", conta o coordenador da força-tarefa
das araucárias e também biólogo,
Maurício Savi.
Segundo ele, as novas unidades
de conservação Reserva Biológica
das Araucárias e Parque Nacional dos
Campos Gerais também abrigam material
genético raro e único. A área
é caracterizada não só
pela presença da araucária,
mas também por ter 30% de cobertura
com campos naturais, outro ecossistema ameaçado.
"Atualmente, só
existe 0,2% da cobertura original desse tipo
de formação no país",
revela Savi. Localizado nos municípios
de Ponta Grossa, Castro e Carambei, o Parque
Nacional dos Campos Gerais possui afloramentos
rochosos e diversos sítios com pinturas
rupestres e manifestações indígenas.
Nele, existem plantas que não são
encontradas em nenhum outro local, também
chamadas de endêmicas. É o caso
da palmeira anã.
De acordo com dados da Secretaria
Estadual do Meio Ambiente, em 1890, as áreas
de floresta com araucária cobriam originalmente
cerca de 7,38 milhões de hectares no
Paraná. O desmatamento fez com que
este número chegasse a 269 mil hectares
em 1984 e atualmente o estado possui 0,8%
de araucárias em estágio avançado
de regeneração, ou seja, árvores
mais antigas e originais.
Devido à qualidade
da madeira da araucária, leve e sem
falhas, a espécie foi muito procurada
por madeireiras a partir do início
do século 20. Estima-se que, entre
1930 e 11000, cerca de 100 milhões
de pinheiros tenham sido derrubados. Entre
1950 e 1960, foi a principal madeira de exportação
do país.