10/04/2006
- Brasília - Em comunicado oficial,
a rede mundial de lanchonetes McDonald’s informa
que vai iniciar "imediatamente"
uma investigação sobre as denúncias
de que contribui, de maneira indireta, para
o desmatamento da Amazônia.
Segundo o relatório
"Comendo a Amazônia", divulgado
pela organização não-governamental
Greenpeace Internacional, além do McDonald’s,
supermercados e restaurantes da Europa colaboram
com a destruição da Amazônia
ao comprar frangos alimentados com farelo
de soja produzida na região.
Em nota, o diretor de Qualidade
e Segurança do McDonald’s Europa, Keith
Kenny, afirma que a rede está "muito
preocupada" com questões ligadas
ao meio ambiente, tanto em relação
à atuação de suas franquias
como às responsabilidades dos fornecedores.
"Para chegar a uma
rápida conclusão, continuaremos
conversando com o Greenpeace para entender
perfeitamente as suas preocupações,
além de contatar outras organizações
como a Conservation Internacional, (ONG especializada
em política florestal). Acreditamos
no diálogo aberto, como mantivemos
com o Greenpeace em muitos outros temas há
muitos anos", diz o texto.
O coordenador da Campanha
da Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário,
explicou que a relação do McDonald’s
com a destruição da Amazônia
é indireta. "O que o relatório
do Greenpeace procura mostrar é como
as empresas européias, as grandes corporações,
têm um papel, cada uma delas, na destruição
da Amazônia".
Segundo ele, o documento
é importante porque procura mostrar
a relação entre a demanda mundial
por soja e a destruição da Floresta.
Adário explica que a soja é
um produto usado em mais de 1,2 mil alimentos,
sendo o grão mais consumido em todo
o mundo. "A idéia do relatório
era acompanhar em detalhes toda a cadeia que
gera, ao seu final, um sanduíche na
Europa e uma floresta desmatada no Brasil",
argumentou o ambientalista.
O estudo é resultado
de uma investigação sigilosa
feita durante dois anos nas regiões
de produção e consumo de soja.
Foram feitas análises de imagens de
satélite, investigações
de campo, sobrevôos, entrevistas com
políticos, representantes de comunidades
afetadas e da indústria, além
do monitoramento de navios cujo destino era
o mercado internacional.
"É como se tivéssemos
acompanhado o caminho de um grão de
soja do Mato Grosso ou Santarém (PA),
do silo, onde é depositado, para depois
ser embarcado em um navio e levado para Europa",
explicou Adário. "De lá
vai para uma empresa processadora que esmagará
a semente, e o farelo da soja vai ser utilizado
como alimento para o frango que vai virar
nuggets vendido no McDonald’s", completou.