13/04/2006 - Brasília
- Mais de 550 lideranças indígenas
da Mobilização Abril Indígena,
que representam 86 etnias, divulgaram abaixo-assinado
na última terça-feira (11),
manifestando posição contrária
à Conferência Nacional dos Povos
Indígenas, que acontece até
o dia 19, em Brasília. Eles assinam
a moção junto com o Fórum
em Defesa dos Direitos Indígenas.
O movimento não reconhece
a representatividade da conferência,
ao considerar que uma outra será elaborada,
"dentro de um espaço que conta
com a participação paritária
dos povos indígenas e de representantes
do Estado brasileiro". A representatividade
negada por eles é defendida por outros
indígenas.
Segundo Daniel Coxini, da
etnia Carajá, a conferência interessa
aos índios. "Estamos no século
21. A maioria dos índios tem nível
superior, já sabemos o que queremos.
Queremos participar do desenvolvimento do
Brasil e trabalhar conscientemente como cidadãos,
preservando a nossa cultura, o meio ambiente,
respeitando a sociedade brasileira",
afirmou Coxini, para quem a conferência
é o espaço lugar de onde se
pode extrair uma nova proposta para o Estatuto
do Índio.
Para o índio Daniel
Matenho Cabixi, da etnia Parisssi, a conferência
é representativa dentro dos mesmos
moldes do movimento indigenista não-governamental.
"Porque a conferência está
sendo financiada pelos cofres do governo,
assim como as não-governamentais são
financiadas por outras fontes, inclusive estrangeiras",
observou.
Cabixi considera a conferência
um marco histórico. "Em todo o
contexto histórico, os índios
sempre foram atrelados ao poder do Estado,
manipulados sob os auspícios do Estado.
Esse é um momento sui generis, porque
os índios têm a efetiva intervenção
na formulação da política
indigenista do estado brasileiro", acrescentou.
No evento, cerca de 800
representantes de 225 etnias indígenas
participam de grupos para discussão
de temas como autonomia, território,
educação, saúde e índios
urbanos.