19/04/2006 - Brasília
– Com um rebanho de cerca de seis milhões
de porcos, o estado de Santa Catarina enfrenta
problemas para tratar os dejetos gerados nos
criatórios. Por isso, outros estados
que têm grandes criações
de porcos, como Paraná e Rio do Sul,
querem a aprovação de uma linha
de crédito para investimento em obras
que permitam o tratamento dos dejetos.
Hoje (19), representantes
da Associação Catarinense de
Criadores de Suínos (ACCS) e do Núcleo
Agrário da Câmara dos Deputados
se reuniram com o ministro da Agricultura,
Roberto Rodrigues, para tratar do assunto.
A proposta em discussão foi elaborada
pelos ministérios da Agricultura, Meio
Ambiente, dentre outros, e sugere a criação
de uma linha de crédito a juros zero
e prazo de amortização de até
dez anos para que os produtores invistam em
ações de correção
ambiental.
Atualmente, a proposta está
no Ministério da Agricultura para ser
submetida ao Conselho Monetário Nacional
(CMN). Os recursos devem ser disponibilizados
pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES), com juros de 8,75%, considerado
alto pelos criadores de suínos.
Segundo o coordenador do
núcleo agrário do PT na Câmara
dos Deputados, deputado Assis Miguel Couto
(PT-PR), durante a reunião, Roberto
Rodrigues sugeriu que se busque uma negociação
com os governos dos estados para uma parceira
na equalização dos juros.
De acordo com dados da Embrapa,
em 2005 foram abatidos cerca de 34 milhões
de porcos em todo o país. Esse número
dá uma idéia da quantidade de
dejetos gerados que resultam principalmente
em problemas ambientais.
O presidente da ACCS, Wolmir
de Souza, explica os dejetos armazenados geram
gás metano, que destrói a camada
de ozônio e também acabam por
poluir o solo, resultando em concentração
de nitrito e nitrato na água, duas
substâncias são cancerígenas.
O deputado Cláudio
Vignatti (PT/PR) do núcleo agrário
da Câmara, destaca que a questão
é também econômica. O
tratamento de dejetos está entre as
exigências de países que importam
carnes de suínos do Brasil. Ele cita
como exemplo a Europa, que leva em conta toda
a cadeia de produção. "Na
hora que dissermos que temos tratamento de
nitrato e nitrito, temos um ponto para abrir
esse caminho tão necessário
para a Europa e outros países do mundo",
avaliou.
Ao sair da reunião,
o secretário de Política Agrícola
do Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento, Ivan Wedekin, disse que o
ministério trabalha para viabilizar
a proposta. "Vamos trabalhar em cima
dela a partir da semana que vem para escolher
quais os caminhos para viabilizar a construção
de unidades que dêem tratamento aos
dejetos", informou.