19/04/2006 - Brasília
- A empresa brasileira EBX Siderurgia de Bolívia
S.A comunicou hoje (19), por meio de nota,
que o projeto siderúrgico previsto
para ser desenvolvido na Província
Germán Busch de Santa Cruz, na Bolívia,
"é completamente sustentável
e amigável ao meio ambiente".
O Grupo EBX é um conglomerado brasileiro
que atua no segmento de recursos naturais,
com destaque para mineração,
metálicos, energia, florestas, água
e saneamento.
Hoje, a Agencia Boliviana
de Informacion (ABI), a agência oficial
de comunicação do país,
publicou uma reportagem na qual o vice-ministro
de Governo da Bolívia, Rafael Puente,
disse que a empresa brasileira " é
evidentemente ilegal" e "pretende
ser implantada em uma zona que está
expressamente proibida pela Constituição
Política do Estado". Segundo Puente,
a área onde o projeto seria desenvolvido
é uma zona florestal declarada como
reserva nacional.
Na nota, a EBX nega que
sua presença na fronteira do Brasil
seja ilegal e afirma ser uma empresa "devidamente
constituída na Bolívia, com
todos os registros corporativos e tributários
em dia e ordem". A companhia também
diz que o projeto não tem intenção
de afetar o meio ambiente nem os recursos
florestais da região, mas de aproveitar
"novas plantações de eucaliptos,
resíduos florestais e evitar as queimadas
indiscriminadas como as que ocorrem atualmente".
A EBX declara que o governo
do presidente Evo Morales não deu oportunidade
para a empresa apresentar e discutir o projeto
siderúrgico, e que as autoridades teriam
dificultado a obtenção de licença
ambiental. "Embora nossa empresa tenha
utilizado os recursos legais disponíveis,
observa-se que existe uma atitude negativa
que atrasa o desenvolvimento do projeto e
nos impede de aproveitar as condições
favoráveis do mercado existentes atualmente".
A EBX destaca ainda que o projeto teria sido
"amplamente discutido" com o governo
anterior.
O texto distribuído
pela EBX ressalta que, se não houver
acordo com o atual governo, não haverá
outra opção senão desistir
do investimento e realocá-lo em outras
regiões. O projeto siderúrgico
está dividido em duas etapas: a primeira
envolve a produção de ferro
gusa a partir do minério de ferro e
outras matérias primas da região.
A segunda está relacionada à
produção de aço. No projeto,
estão previstos investimentos de US$
268 milhões e a criação
de 620 empregos diretos e cinco mil indiretos.
Hoje, moradores de dez municípios
da Bolívia decretaram greve geral e
bloquearam a fronteira entre a Bolívia
e o Brasil em protesto pela decisão
do governo de suspender a projeto da EBX.
Ontem (19), a população de Porto
Suarez manteve três ministros como reféns
para pressionar o governo a aprovar uma lei
para legalizar as operações
da empresa brasileira.