16/04/2006 - Brasília
- Para ter acesso aos seus direitos, cada
vez mais os povos indígenas vêm
abrindo mão de costumes e hábitos
tradicionais. A avaliação é
do integrante da Comissão Organizadora
da 1ª Conferência Nacional dos
Povos Indígenas, Pedro Tarianô.
Ele acha que deveria ser
o contrário. "O homem branco (deveria)
conhecer a nossa realidade e aprender a se
adaptar a ela, com as nossas diferenças,
e nos respeitar", disse, em entrevista
à Radiobrás.
Tarianô acredita que
as múltiplas diferenças existentes
entre os povos indígenas não
dificultam chegar a um consenso sobre determinadas
questões, já que essas diferenças
são apenas étnicas.
"O nosso pensamento
e as lutas são únicos, uniformes.
Às vezes temos dificuldades é
de entendimento, por conta das diferenças
étnicas, mas que ao longo dos debates
são superadas".
Outro organizador da Conferência
Nacional dos Indígenas, Ubiratan Wapichana,
também afirmou que as diferenças
étnicas não são motivos
para desentendimentos entre os povos indígenas.
Sobre a conferência,
que segue até o próxima quarta-feira
(19), Wapichana acredita que produzirá
"bons" resultados.
"Não é
fácil organizar uma conferência
como essa, mas acima de tudo prevalece entre
nós indígenas a vontade de lutar
por nossos direitos. Daqui sairão propostas
consensuais, demandas que serão apresentadas
ao Estado brasileiro".
Na 1ª Conferência
Nacional dos Povos Indígenas, que começou
no último dia 12, estão sendo
discutidas questões pertinentes à
política indigenista brasileira.
A realização
do evento atende a decreto do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva para definição
de uma política indigenista formulada
pelo poder público em sintonia com
as demandas desse segmento da população.
O objetivo é garantir
o respeito pleno ao direito dos índios,
tais como autonomia, política, educação,
saúde, gestão territorial e
a criação do Conselho Nacional
de Políticas Indígenas. A conferência
ocorre em Brasília.