17/04/2006 - Boa
Vista – O líder Macuxi Jacir José
de Souza, coordenador de projetos da reserva
indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima,
defende que o processo de retirada de não-índios
da área termine o mais rápido
possível. O prazo para que os proprietários
de terras deixassem a área (desintrusão)
terminou no sábado (15), quando completou
um ano da homologação da reserva
indígena.
Durante esse período,
cerca de 300 famílias de não-índios
deveriam ter sido retiradas, indenizadas e
reassentadas fora da reserva, o que não
aconteceu. "Os indígenas querem
a desintrusão o mais rápido
possível porque já era para
ter terminado no dia 15 de abril", disse
o macuxi.
O governo federal encontrou
dificuldades para cadastrar as famílias
que ocupam a área. O Instituto Nacional
de Colonização e Reforma Agrária
(Incra) e a Fundação Nacional
do Índio (Funai) já concluíram
os trabalhos de medição das
propriedades e cadastramento das famílias
em 97% da área. Faltam apenas 3%.
Os mais resistentes, os
arrozeiros, lutam como podem para proteger
seu patrimônio dos efeitos da homologação.
"Estamos dando um prazo para que o governo
federal desocupe a área, mas é
um voto de confiança. O governo fala
em três meses, mas não aceitamos
tanto tempo", afirmou Jacir José
de Souza.
Segundo o coordenador executivo
do Comitê Gestor de Acompanhamento e
Articulação das Ações
Federais em Roraima (ligado à Casa
Civil), José Nagib da Silva Lima, o
governo está intensificando o trabalho
de retirada das cerca de 300 famílias
de não índios que ocupam a reserva.
A estimativa é gastar R$ 10 milhões
com as indenizações.
Hoje, num escritório
montado em Boa Vista, o Incra e a Funai começaram
a informar às primeiras 160 famílias
o valor da indenização a que
terão direito para deixar a Raposa
Serra do Sol, assim como a área em
que serão reassentadas. Elas foram
convocadas por edital público e tomarão
conhecimento do laudo fundiário feito
pelo Incra em conjunto com a Funai.
Colaborou Juliana Andrade.