21/04/2006 - Rio
- Os impactos da produção de
petróleo em Macaé, no norte
do estado do Rio de Janeiro, também
alcançaram o comércio da cidade,
longe das plataformas no Oceano Atlântico.
O comerciante Taylor Junior
incrementou seu negócio quando começou
a vender equipamentos e a prestar serviços
para a Petrobras. "Hoje a gente atende
à Petrobras em duas áreas: a
de serviços, onde prestamos assistência
técnica para os motores de popa dos
botes das plataformas, e a de vendas de produtos
de salvatagem e offshore, como coletes salva-vidas,
sinalizadores pirotécnicos e materiais
inox", conta.
Uma das conseqüências
dessa nova realidade foi o impacto direto
no meio ambiente e no ordenamento urbano.
Poluição de rios e lagos, além
da formação de favelas, foram
algumas das mudanças ocorridas em Macaé
com o negócio petrolífero.
E enquanto alguns setores
da economia, como o comércio e os hotéis,
comemoram a descoberta do petróleo
na Bacia de Campos, outros acham que não
foi tão bom negócio. Para o
gerente da cooperativa de pescadores de Macaé,
Antonio Emílio Santos, o movimento
intenso de barcos prejudicou a pesca local.
"Você tem primeiro
a questão da redução
do espaço de captura do pescado, por
conta do local tomado pelas plataformas que
acabam até atraindo os peixes em função
dos resíduos jogados nessas áreas.
Mas também há a questão
do aumento da navegação e a
degradação do meio ambiente,
provocada pelas empresas que prestam serviço
para a indústria do petróleo",
diz Santos.
Além dos impactos
imediatos, outro fator que preocupa as autoridades
locais é o fim do negócio petrolífero.
Uma vez que o petróleo é um
produto não renovável, um dia
ele vai acabar na região. A previsão
é que daqui a 30 ou 40 anos, não
haja mais óleo para explorar na Bacia
de Campos.
"Hoje temos que
resolver problemas de infra-estrutura viária,
portuária e de saneamento pelo crescimento
explosivo que a cidade e a região sofreram.
No futuro, nós temos que começar
a pensar em como sobreviver ao fim do ciclo
do petróleo. Para isso, a gente começa
a fixar projetos como o complexo universitário,
pólo industrial e pólo tecnológico,
garantindo preservar a tecnologia que essa
indústria vai proporcionar ao longo
de seus 30 anos ou 40 anos", afirma o
secretário municipal de Indústria
e Comércio, Alexandre Gurgel.