18/04/2006 - Mutirão
da comunidade quilombola de Galvão,
no Vale do Ribeira, semeia meia tonelada de
semente de palmito juçara e marca a
ampliação do projeto de repovoamento
de uma das espécies da Mata Atlântica
mais ameaçadas de extinção.
No dia 31 de março,
foi realizado na comunidade quilombola de
Galvão, localizada no município
de Eldorado, no Vale do Ribeira, região
sul de São Paulo, o primeiro mutirão
de repovoamento do palmiteiro juçara
(espécie Euterpe Edulis). Foram semeados
500 quilos de sementes numa área de
cerca de 100 hectares. Esta atividade já
vem sendo realizada há dois anos na
comunidade quilombola de Ivaporunduva, no
mesmo Vale do Ribeira, e o repovoamento em
Galvão marca a ampliação
do trabalho para mais 14 comunidades da região.
As sementes utilizadas no
mutirão foram colhidas em quintais
agro-florestais na comunidade quilombola de
Sapatu, na mesma região. O palmiteiro
juçara é uma das espécies
mais exploradas da Mata Atlântica e
seu extrativismo indiscriminado colocou a
espécie em ameaça de extinção.
Sua exploração configurou-se
numa das principais fontes de trabalho e renda
nas comunidades quilombolas do Vale do Ribeira,
mas a diminuição drástica
da população natural do palmito
e a proibição da extração
predatória tornaram a atividade cada
vez mais impraticável pelos quilombolas,
sendo o repovoamento uma das saídas
para um futuro plano de manejo sustentável.
A produção de juçara
só é permitida por meio de planos
de manejo sustentável, cujo primeiro
passo é o repovoamento da espécie.
O mutirão na comunidade
de Galvão iniciou-se as sete horas
da manhã, quando os sacos contento
as sementes de juçara foram colocados
nos burros. Em seguida o grupo, formado por
15 pessoas - principalmente jovens da comunidade
-, iniciou o percurso em em uma trilha íngrime
e barrenta, no interior da mata. Após
uma hora e meia de caminhada, o grupo chegou
ao local onde as sementes seriam distribuídas
em sacos menores para que todos os participantes
entrassem mato a dentro para espalhar as sementes.
O mutirão terminou com um jantar para
toda a comunidade realizado no centro comunitário.
Outros mutirões estão programados
para acontecer até meados de maio,
em um projeto financiado pelo PDA-Mata Atlântica,
em parceria com o Instituto de Terras do estado
de São Paulo, Instituto Florestal e
Fundação Florestal, também
do estado de São Paulo.