São
Paulo (27/04/2006) - O Ibama apreendeu ontem
no município de Vargem Grande Paulista,
região da grande São Paulo,
4.010 animais silvestres da fauna brasileira,
como borboletas - suas pupas e casulos - besouros
e grilos, que estavam no sítio do engenheiro
agrônomo Yasuhiro Sakamoto.
O aposentado é pai
de Cecília Kayo Sakamoto, professora
que fazia remessas ilegais de animais silvestres
ao exterior. Os insetos, alguns de espécies
em possível risco de extinção,
estavam mortos e preservados em embalagens,
e provavelmente seriam destinados a colecionadores
da França, Itália, Bélgica,
Canadá e Japão.
“Isso é tráfico
de animais”, afirma a superintendente do Ibama
em São Paulo, Analice Novaes. Pai e
filha devem receber multa recorde de mais
de R$ 2 milhões pelo crime. O Decreto
3.179/99, que regumentou a Lei de Crimes Ambientais,
permite ao Ibama aplicar o valor de R$ 500,00
por espécime capturada ilegalmente.
O Ibama e a Polícia
Federal chegaram à família Sakamoto
depois que o Centro de Triagem de uma agência
dos Correios, localizada na cidade de São
Paulo, interceptou no dia 19 de abril uma
remessa, que seria feita para a França.
A etiqueta da embalagem identificava o seu
conteúdo como “modelos de enfeites
para casa”.
Após extenso trabalho
de investigação, equipes do
Departamento de Proteção Ambiental
e Fiscalização do Ibama/SP e
agentes da Polícia Federal, em operação
conjunta, localizaram o endereço da
remetente da encomenda, a professora Cecília,
residente no bairro paulistano Liberdade.
As equipes de fiscalização das
duas instituições realizaram
simultaneamente diligências na residência
da professora e na de seu pai, onde então
descobriram a maioria dos animais apreendidos.
Suspeita-se que o sítio pudesse estar
funcionando como depósito no esquema
do tráfico.
As borboletas foram embaladas
individualmente em pequenos envelopes, armazenados
em pequenas caixas de madeira, já os
besouros estavam soltos em potes de plástico
e caixas de isopor. Havia também borboletas,
de espécies raras, compondo quadros
decorativos.
Os animais foram apreendidos
e encaminhados à sede da Polícia
Federal em São Paulo, para elaboração
do Auto de Infração, e seguem
agora para o Museu de Zoologia de São
Paulo para serem classificados. Até
o momento foram feitas três autuações,
sendo duas lavradas contra Cecília
e outra contra o seu pai.
Participaram da operação
não apenas os fiscais como também
toda a equipe de servidores do DPA e a Assessoria
de Comunicação da Superintendência
em São Paulo. Segundo o chefe da Divisão,
Luis Antonio Gonçalves de Lima, trata-se
da maior apreensão destas espécies
feita em São Paulo.
Segundo Analice de Novais
Pereira, Superintendente do Ibama no Estado
de São Paulo, além do trabalho
desenvolvido pelas instituições
ambientais no País, é imprescindível
o envolvimento da sociedade brasileira no
combate aos crimes ambientais. “A participação
da população denunciando ocorrências
desse tipo de atividade ilícita é
fundamental para a obtenção
de êxito no combate ao tráfico
de animais e também à biopirataria,
responsável pela evasão de nosso
patrimônio genético”.