Recife (27/04/2006)
- O Ibama reuniu, ontem (26), na cidade de
Trindade, a 655 km do Recife, no Sertão
do Araripe, empresários do pólo
gesseiro de Pernambuco no seminário
“Eficiência Energética em Bases
Sustentáveis”, promovido em parceria
com a Agência Estadual de Meio Ambiente
(CPRH), o BNB, o programa Gef-Caatinga (MMA),
o Sebrae e a Rede de Manejo Florestal.
O objetivo do encontro foi
apresentar o novo modelo de fiscalização
adotado pelo Ibama, que será feito
através do controle da lenha e carvão
consumidos pela produção de
cada empresa. O seminário serviu também
para incentivar o manejo florestal, já
que as empresas terão que utilizar
100% de lenha manejada a partir de agora.
Participaram do evento,
além de empresários do setor,
representantes de sindicatos, prefeituras,
ONGs e representantes da sociedade civil local.
Durante as palestras foram apresentados dados
sobre a situação do bioma caatinga
na área do Araripe e sugeridas soluções
e prazos para que as empresas adotem o novo
sistema.
A fiscalização
será feita através da atualização
do cálculo de consumo médio
de lenha ou carvão por cada tipo de
forno das empresas consumidoras. Também
serão usadas para o controle a identificação
da produção declarada no Cadastro
Técnico Federal (CTF) e a utilização
do ICMS ou IPI recolhido na produção
e comercialização do produto
especifico do empreendimento.
Segundo o superintendente
do Ibama, João Arnaldo Novaes, cerca
de 70 empresas da região são
responsáveis pelo consumo de 267 mil
caminhões de lenha. Desse total, 97%
são de origem insustentável.
"Vamos monitorar a procedência
da lenha nas empresas e elas terão
um prazo de 90 dias para começarem
a utilizar o sistema de manejo florestal”.
Segundo levantamentos desenvolvidos
pelo Ministério das Minas e Energia
em conjunto com o Ministério do Meio
Ambiente, nos últimos 10 anos a cobertura
florestal da caatinga diminuiu 30% de sua
área total e o principal responsável
por este cenário tem sido a operação
de indústrias que utilizam espécies
nativas da caatinga como fonte de energia.
Em Pernambuco, os
principais consumidores de produtos ou sub-produtos
florestais para fins energéticos atualmente
são: o pólo gesseiro do Araripe,
responsável pela produção
de 95% do gesso fabricado no Brasil, a Siderúrgica
Fergusa, em São José do Belmonte,
a Ondunorte, na Região Metropolitana
do Recife, o pólo têxtil e as
calcinadoras do Agreste e as cerâmicas
de Paudalho. O Ibama envolverá na operação
mais sete pólos nos próximos
três meses e a expectativa é
que em um ano todas as áreas tenham
adotado o plano de manejo florestal de produtos
originários da caatinga.